[ADS] To the Edge of the Sky: Capítulo 3 Verdade (Zero)

Oi oi, pessoal! Crys-chan voltou com mais TTEOTS. Vou avisar de novo, não leia se for sensível a temas como saúde mental e similares. Espero que gostem! :)


Fazem dois dias desde que recebi a missão com Seis. Não vi Seis de jeito nenhum desde aquele dia, embora eu tenha passado por alguns dos outros membros aqui e ali. Eu estive focando em ler mais sobre a PHASe e treinar na sala de simulação. Tentando não passar muito tempo pensando. Mas há alguns minutos, eu recebi um pedido de mensagem da pessoa mais improvável através do meu ARO, pedindo-me para subir ao telhado.
(Eu me pergunto o que Quatro quer... Não o vejo desde aquele dia.)
Pensar naquele dia no centro de comando ainda faz meu estômago se torcer em nós, mas ver Quatro novamente...
(Será realmente legal vê-lo numa situação fora de uma de vida ou morte.
Alcançando o telhado, eu imediatamente procuro pelo Quatro. Eu completamente paro quando percebo que alguém está com ele. Na distância, eu vejo uma pessoa da equipe da PHASe que vi no elevador há alguns dias com Quatro. Estou tentando decidir se deveria andar até eles ou não, quando vejo Sooyeon empurrar uma sacola para o Quatro. Ele alcança para pegar, mas Sooyeon solta antes que as mãos dele estejam completamente nela, e a sacola cai no chão. Eles a encaram por um momento, com Sooyeon não fazendo nenhum movimento para pegá-la. Quatro se abaixa para agarrar a sacola sem uma palavra.
(Que raios... Aquilo foi rude. Acho que eu deveria ter esperado isso dela, no entanto.)
Sooyeon: Najeed não estava disponível para fazer sua entrega da Park para você... Você realmente deveria estar me agradecendo por fazer isso. Eu não gosto daquela mulher bizarra nada mais do que você.
Quatro: É, obrigado.
A voz do Quatro está pingando com sarcasmo, mas a mulher não parece nada que ela entende.
Sooyeon: Isso é tudo?
A voz dela treme enquanto ela esfrega seu braço.
Sooyeon: Tenho certeza de que você entende que eu não tenho nenhum desejo de ficar perto de um assassino mentalmente instável.
(Mentalmente instável...?)
Quatro: ...vá. Não estou te segurando.
Sooyeon praticamente corre do Quatro, vindo na minha direção. Não sei se eu deveria ouvir aquilo tudo, mas não há mais tempo para me esconder. Os olhos de Sooyeon e os meus se encontram, e ela para por um momento enquanto passa por mim.
Sooyeon: Você está se encontrando com aquele psicopata?
Evren: Se você quer dizer o Quatro... então, sim.
Sooyeon olha para mim pelo canto de seu olho.
Sooyeon: Você parece normal o bastante... Você é nova, certo? Ainda não esteve aqui tempo o suficiente para que a Dra. Park implante as máquinas dela em você. Apesar de que, se está na Phantom Alpha, eu imagino que você deve ter algumas, de qualquer forma.
Evren: ...O quê? Máquinas? Você tem um problema com os aums?
(Certamente não é incomum, mas eu não esperava que alguém na PHASe teria...)
Sooyeon: Eu tenho um problema com qualquer um que sacrifica sua humanidade por um pouco de poder. Mesmo assim... você vai se encontrar sozinha com aquele psicopata, acho que deveria saber sobre ele. Nunca se sabe quando ele pode explodir e perder a cabeça.
Evren: Perder a cabeça...? Do que é que você está falando?
Sooyeon: Só porque você é companheira de equipe deles não significa que pode confiar neles. Ele provavelmente matou os outros participantes no Projeto Angmar ele próprio.
Evren: Matou... O que é Projeto Angmar?
Sooyeon: Eu fiz minha boa ação por te avisar. Você que deveria perguntar a ele. Ele provavelmente pode nos ouvir, de qualquer forma, com aquela audição bizarra. Apenas não diga que não foi avisada.
Sooyeon se apressa para descer os degraus. Eu sou deixada sozinha no telhado com Quatro, sentindo-me extremamente confusa e nervosa. Olho de relance para o Quatro, mas suas costas estão viradas para mim.
(Qual é, Sete... Esse é o seu companheiro de equipe. Você já passou por muita coisa com ele. Pode confiar nele.)
Eu respiro fundo, me preparo e ando até ele. Quando o faço, ele não se vira para mim. Em vez disso, ele olha indiferente sobre a grade, braços cruzados. Olhando para mais perto de seu rosto, sinto que vejo outra coisa também. Apenas... cansado. Um tipo de exaustão que alcança até a alma.
(Ele tinha que ter ouvido tudo aquilo...)
Estou pensando sobre como remotamente mencionar o tópico quando Quatro suspira.
Quatro: Enzo Kang, cobaia 004. Último participante vivo no Projeto Angmar... O único grande “fracasso” da Park.
Evren: ...Quê?
Confusão me atinge como uma tonelada de tijolos por sua declaração repentina.
(Enzo Kang... Esse é o seu nome? O fato de que ele acabou de... me dizer assim... Como se não fosse nada demais...)
Os olhos do Quatro disparam para mim.
Quatro: É sobre isso que ela estava falando.
Evren: O que é... o Projeto Angmar? Digo... Se você não se sente confortável falando disso, então... Sinto muito que ela disse tudo aquilo.
Quatro: Projeto Angmar era para criar os Espectros perfeitamente melhorados. Os mestres assassinos da PHASe, só que melhores.
Quatro suspira silenciosamente, seus olhos virando de volta para o horizonte de Olympia.
Quatro: A taxa de falha para corpos aceitando os aums de Angmar era alta. Mais alta do que qualquer um dos cientistas previu. Eles foderam tudo e outros setenta e três Espectros morreram.
Quatro faz uma careta.
Quatro: Eles não puderam compreender por que eu não morri. Park olhou para os meus “defeitos” e decidiu que sobrevivente ou não, eu sou um maldito fracasso. Eu não funcionava como ela queria. Eu estava quebrado, então não havia chance que ela me chamaria de um sucesso. Ela olhou para seus malditos números e me chamou de um fracasso. Quebrado ou não, ainda sou esperado a fazer meu trabalho. Eu estando na equipe Alpha é prova do que eles estavam almejando criar.
Eu assinto lentamente.
(Se um “fracasso” pode estar na Alpha, então não consigo realmente imaginar como um sucesso seria...)
Os olhos do Quatro brilham vermelho quando ele se vira para me olhar.
Quatro: Eu consigo ver seus órgãos vitais, e com ou sem paredes, todos as outras pessoas no prédio e na cidade ao nosso redor. Útil para meu trabalho, mas vem com alguns efeitos colaterais. Eu sinto que nunca estou sozinho. Como se pessoas estivessem sempre me cercando, chegando mais perto de mim. Às vezes, sinto que não consigo respirar...
Quatro corre seus dedos pelo seu cabelo.
Quatro: Os aums não funcionam perfeitamente. Há uma razão que elas mataram tantos outros. Eu tenho enxaquecas. Às vezes elas se ativam sozinhas. Eu vejo demais, ouço demais e algumas vezes não consigo desligar. Mesmo se eu for me esconder em algum lugar... Ainda estou cercado. A única paz verdadeira que eu tenho é quando estou adormecido.
Evren: Isso é... isso é terrível. Além disso, quero dizer... Não tenho palavras... E nada disso é sua culpa! Aquela mulher entendeu tudo errado. O que ela disse foi horrível... e a Dra. Park... Eu só não sei o que pensar... Mas... Obrigada por confiar em mim com isso.
(Eu não tinha ideia... Ele está carregando tanta dor...)
Quatro: Não é nenhum segredo por aqui. E eu só queria que você ouvisse isso de mim.
Eu olho para o Quatro, tentando não chorar, desejando que eu pudesse fazer alguma coisa por ele.
Evren: Eu posso... te dar um abraço? Pode não ser muito, mas... É tudo que posso fazer.
Quatro olha para o lado por um momento, movendo seu corpo na minha direção enquanto se vira de volta. Ele parece um pouco duro, mas larga seus braços para os lados.
Quatro: Ok.
Sua voz é quieta e ainda assim eu o ouço perfeitamente bem. Estou chocada que ele está mesmo me deixando, mas jogo meus braços ao redor dele sem hesitação. Eu dou a ele meu melhor abraço, apertando-o com força. Quatro desajeitadamente me dá tapinhas nas costas, mas é encantador de alguma forma. Ele está tentando, mesmo que não seja bom mesmo nisso. É quando eu percebo que algo está me cutucando no lado. Eu recuo e olho para baixo em confusão para a jaqueta do Quatro. Quatro tira uma lata de latte de caramelo. Eu alcanço para pegar a bebida, e percebo que está realmente morna.
Evren: Você pegou isso antes de subir aqui?
Quatro: ...Eu peguei no caminho para cá.
(Sério? Não acho que vi uma máquina de vendas em nenhum lugar próximo, mas talvez eu tenha perdido alguma.)
Quatro: De qualquer forma...
Ele limpa sua garganta.
Quatro: Eu te chamei aqui porque quero falar com você sobre a missão com Seis.
Evren: A missão? O que tem ela? É finalmente a hora de começar?
Quatro assente.
Quatro: E eu vou com vocês. Essa missão é super discreta.
Evren: Sim, nem me fale. Eu nem entendo exatamente o que estamos fazendo...
Quatro: Vamos capturar alguns ratos.
Em apenas quarenta e cinco minutos, Quatro e eu chegamos nas favelas. Eu saio do carro estacionado.
(As favelas... onde aterrissamos da última vez...)
Memórias daquela noite tentam surgir, mas eu as interrompo.
(Isso não é aquilo. Nós temos o controle da PHASe agora... Ficará tudo bem. Eu tenho que fazer meu trabalho.)
Quatro olha ao redor, seus olhos brilhando. Ele silenciosamente começa a se mover numa certa direção e eu sigo. Quatro finalmente para perto de uma parede escura.
Quatro: Seis.
Eu olho ao redor, tentando encontrar Seis. Então, uma figura emerge da escuridão. Percebo que Seis esteve encostado contra a parede o tempo inteiro. Ele nos cumprimenta, os olhos sorrindo.
Seis: Ei.
De alguma forma, seus olhos parecem estranhos, no entanto.
(Eu me pergunto se ele conseguiu algum descanso ultimamente... Quatro mencionou que eles estiveram mantendo-o ocupado.)
Silenciosamente, com nada além de um gesto de mão, ele nos guia por um beco. Nós vamos por numa rua diferente e entramos um prédio escurecido ao lado em algum lugar. Abaixando sua máscara, Quatro olha ao redor, observando o prédio na nossa frente.
Quatro: Ali será onde estou indo. Vou manter vigia para vocês, e ver se meu alvo aparece. Verei vocês depois que a missão terminar.
Evren: Ah... Boa sorte! Fique seguro!
Quatro sorri e me dá um pequeno assentir.
(Ele acabou de... ele acabou de sorrir para mim?!)
Agindo como se nada tivesse acontecido, ele simplesmente sai andando, dirigindo-se para algum lugar atrás do outro prédio. Eu observo as costas do Quatro, sentindo-me feliz sobre o que acabou de acontecer. Mas não consigo evitar me sentir nervosa sobre deixá-lo ir para algum lugar sozinho depois do que aconteceu na última vez. Talvez sentindo meus olhos nele, Quatro se vira para trás para me olhar só por um segundo, então desaparece dentro do prédio. Eu me viro de volta para o Seis.
Evren: Agora o quê?
Seis: Nós vamos procurar alguém.  Diminuímos a localização para algum lugar nesse complexo. Eu saberei quando encontrarmos o quarto certo. Então, nós esperamos. É alguém que estive procurando há um tempo já, mas não fui capaz de pegar sozinho.
Evren: Entendo...
Seis: Certo, vamos lá. O mais silencioso que conseguir.
Evren: Não sou nenhuma mestre da furtividade, mas... Farei meu melhor.
Nós andamos juntos pelos corredores, seguindo seus passos e andando o mais silenciosamente possível. Procuramos em quartos diferentes, comigo mantendo guarda. Embora as portas estejam trancadas, Seis não parece ter problema passando por elas e nos colocando onde precisamos ir. Depois de alguns minutos, o silêncio está começando a me cansar. Isso me lembra de quando estávamos na KAIROS. Quando Seis para numa porta que demora um pouco mais para atravessar, eu suspiro. Seis dá uma risadinha quieta.
Seis: Nós passamos pelo pior, eu acho. Então, você pode falar. Pode aliviar seus nervos.
Evren: Ah... Eu posso?
Seis dá um pequeno assentir.
Seis: Esse é o quarto que estive procurando. Quatro nos deixará saber se o alvo estiver se aproximando, então não se preocupe~
Mexendo-me nervosamente, eu tento pensar no que conversar.
-Quanto tempo você esteve na PHASe?
-O que você pensa do Oito?
-Você esteve muito ocupado?
-(Perguntar algo mais pessoal) {Premium}
Seis pausa seu trabalho por um momento, fechando seus olhos para respirar fundo antes de voltar a ele.
Evren: Você está se sentindo bem? Deve estar exausto...
Seis: Meu alvo deve chegar aqui a qualquer momento, então nós precisamos entrar em posição.
Isso não responde realmente a minha pergunta, mas decido não forçar por enquanto. Eu decido ficar de olho nele, porém, só por acaso.
(Exaustão não é piada...)
Seis finalmente abre a porta e rapidamente me guia para dentro com um rápido aceno. Está escuro, e eu me encontro amaldiçoando que não peguei aqueles aums melhorados de visão noturna.
Quatro: Seu alvo entrou a área, Seis.
Seis olha para mim e silenciosamente me direciona para o canto mais abaixo, enquanto se move para ficar atrás da porta. Estranhamente, Seis tira seu capuz e máscara.
Evren: Seis, você não...?
Seis: Identidade não será um problema com esse cara.
Evren: ...
Não tenho certeza do que isso significa, mas estou com medo demais para perguntar. Os minutos de espera parecem se arrastar por uma eternidade...
(Esse cara vai aparecer mesmo?)
Mas eu não me movo, assustada demais para fazer um som e arruinar a missão. Então, a porta se abre. Quando o alvo entra, eu quase não vejo Seis se mover com quão rápido ele é.
É como se eu piscasse e ele já está com o cara preso pelo pescoço na parede no outro lado do quarto. Estranho o suficiente, esse homem não resiste, apenas mantendo uma mão no pulso de Seis.
Seis: Feche a porta.
Seis não usa meu codinome, mas eu consigo ouvir em sua voz baixa que ele quer que eu faça isso. Eu mesma deslizo para fora das sombras e obedeço.
Seis: Você é um dos passarinhos da Temperança, não é?
???: ...
Seis: Não está com vontade de falar, hein? Tudo bem~ Eu já sei, de qualquer forma.
Seis aperta a garganta do cara só um pouco mais, o que parece atrair sua atenção um pouco mais.
(Como se você pudesse realmente ignorar alguém te segurando pela garganta...)
Seis: Diga-me, como KAIROS está espalhando sua propaganda? Quem está os ajudando?
Passarinho: ...sei lá. Como alguém como eu saberia?
O cara finalmente olha acima para encontrar os olhos de Seis com um sorriso de cobra.
Passarinho: Pode querer capturar Temperança se realmente quer saber.
Seis estreita seus olhos ao cara.
Seis: Eu adoraria fazer isso, se você apenas me apontasse na direção certa.
“Passarinho” na verdade ri disso.
Passarinho: Ah, sim, tenho certeza que adoraria. Deixe-me te dizer exatamente onde você pode encontrá-la...
(Quê? Sério!?)
Passarinho: Ela está bem no... Vá se foder. Não vou te dizer merda nenhuma mesmo se eu soubesse.
(Certo... Não sei o que estava esperando.)
Eu ouço Seis rosnar, e seriamente me questiono se não estou só ouvindo coisas agora. Mas não, tenho certeza de que ouvi.
(Hm... Seis parece realmente frustrado... Eu deveria dizer alguma coisa?)
-Você tem certeza de que deveria estar segurando-o agora? {Premium}
-Quer que eu me encarregue de segurar esse cara? {Premium}
-Você vai matar esse cara? {Premium}
-Não dizer nada. {Premium}
(Seis sabe o que está fazendo... Eu não deveria ficar no caminho.)
Seis: Certo. Vou deixar outra pessoa tirar isso de você.
A luva de Seis começa a brilhar enquanto meus olhos se arregalam. O homem inala de repente e começa a convulsionar.
(O que... O que ele está fazendo com ele?)
Depois de alguns segundos, o homem para de se mexer.
(Ele não está... morto, certo? Eu não sabia que um cara tão alegre poderia ser tão assustador... Eu quase sinto pena do cara. Não iria querer ficar no lado recebedor disso.)
Seis deixa-o cair no chão e dá um passo para trás.
Seis: Quatro. Eu consegui o alvo, mas ou ele não tem a informação ou está indisposto a partilhar. Nós vamos precisar chamar por uma carona.
Quatro: Você vai mandá-lo pro interro?
(In... terro?)
Seis: É. Tenho certeza que o oráculo chefe vai apreciar o desafio de arrancá-la dele. Se ele não mandá-lo direto para os panaceia primeiro.
(Um oráculo chefe em interrogações... Nem tenho certeza se eu sabia que a PHASe fazia essas coisas. Me pergunto se Três será parte disso... Mas acho que faz sentido. O cara não desistiria da informação sobre como KAIROS está espalhando aquelas mentiras... Acho que isso significa que ele tem mais medo da KAIROS do que da PHASe.)
Vendo o quão assustador Seis estava agorinha, começo a me perguntar quão ruim é a KAIROS. Seis continua a falar, mas dessa vez parece ser de volta ao QG da PHASe. Sentindo-me de alguma forma desconfortável no quarto abafado, eu decido ir lá fora para me encontrar com Quatro. Eu procuro por Quatro, conversando nos meus comunicadores.
Evren: Quatro, nós devemos nos encontrar ou você ainda está procurando pelo seu alvo?
Minha pergunta encontra o silêncio.
Evren: Quatro—
Eu olho de relance para cima e percebo que um homem num capuz está prestes a passar por mim. Parece estranho, considerando que esse beco parece não ser muito usado.
Quatro: Sete. Meu alvo pode estar passando direto por você. Aja naturalmente, estou indo.
Eu não digo nada, já que não quero atrair atenção para mim mesma. Mas o homem olha para cima de repente, bem nessa hora. Nossos olhos se encontram brevemente. Não sei o que é que ele vê nos meus, mas repentinamente sai correndo. Por um breve segundo, eu me pergunto o que fiz de errado, mas então o impulso me domina.
(Não posso perder o alvo do Quatro!)
Eu começo disparando atrás dele.
Quatro: Sete. O que você está fazendo?
A voz do Quatro aparece na minha orelha, mas estou focada demais para responder imediatamente. O cara é rápido, mas eu sou muito mais rápida. Eu o alcanço rapidamente.
Evren: Perseguindo o alvo!
Quatro: Recue!
Evren: Não posso fazer isso!
(Eu estraguei a missão do Quatro... Sem chance que vou ficar sentada!)
Eu alcanço e agarro a camisa do homem, mas no momento que faço, ele se prende na minha mão. Ele tenta me puxar na direção dele, mas eu puxo meu braço, na minha direção, e me solto. Quando faço isso, ele tropeça e eu atiro meu braço para agarrar sua camisa novamente. Mas o homem dá um giro, puxando algo grande do nada ao mesmo tempo.
(Isso é uma arma?!)
Eu só tenho uma fração de segundo para compreender aquele fato. Embora eu me mova para desviar, sou incapaz de completamente sair do alcance da arma. Eu mal registro a sensação de metal pela carne do meu braço tanto quanto sinto uma queimadura repentina.
(Uma faca? Não... Uma faca vibratória?!)
Isso não importa, porque de qualquer forma, eu sei que não posso deixá-lo me atingir novamente. Ignorando meu ferimento e a arma, eu agarro o braço do homem e puxo-o atrás de suas costas numa tentativa de desarmá-lo. Mas movendo sua cabeça para trás, ele atinge sua cabeça contra a minha. Não esperando um movimento tão violento, eu cambaleio para trás, perdendo meu foco. Dor atravessa meu rosto, minha visão borra e eu percebo que estou completamente aberta.
Quatro: Sete, responda.
A voz de Quatro está coberta de frustração. Mas eu não estou em um estado para responder. Eu me debato para superar o choque da dor, bem na hora para ver o homem impulsionando sua faca para mim novamente.
Quatro: Responda, droga!
Não, não frustração. Talvez seja... desespero, que estou ouvindo.
(Desculpe, Quatro. Eu quero, mas...)
Ainda em dor e com a visão desfocada, eu dou um jeito de agarrar o braço do homem. Mas ele é forte. Muito mais forte do que eu esperava. E ainda estou fraca pelo choque do golpe que ele me deu. Ele impulsiona a faca para mim, a intensidade de sua força empurrando meu braço de volta como se não fosse nada. Um medo selvagem e sede de sangue em seus olhos é a última coisa que vejo.
Quatro: Sete!
A faca se afunda dentro de mim, em algum lugar no meu estômago. Dessa vez, eu sinto a dor afiada e angustiante imediatamente. Eu resisto o impulso de cair de joelhos. Mas o homem começa a puxar a faca para fora do meu estômago. Minhas mãos vão para as dele, sentindo-me mais aterrorizada dele tirando a faca do que quando estava de ser apunhalada em primeiro lugar. Meus olhos lacrimejantes encontram seus olhos loucos, implorando. Estou repentinamente incerta do que fazer mais. O tempo parece se mover em câmera lenta apesar de meus aums não estarem mais ativados. O homem vai tirá-la, e estou fraca demais agora para fazer qualquer coisa sobre isso.
(Estou assustada... Estou realmente assustada.)
Então, me ocorre... Não estou sozinha. Eu posso chamar ajuda, eu posso—
???: Merda... Sete!
De repente, sinto uma firme mão enluvada nas minhas, me apoiando. Minha cabeça está nebulosa e eu preciso de um segundo para perceber o que está acontecendo. Eu olho abaixo ao chão por um segundo para ver que não estou imaginando coisas. Quando olho de volta para cima, eu vejo Quatro se movendo para atacar o cara até mesmo enquanto mantém seus olhos em mim. Há um horrível som de crac quando o cotovelo de Quatro se conecta com o rosto do cara. Pânico cresce quando sinto a lâmina puxar, mas o aperto de Quatro nela e na minha mão a impede de ser tirada. O homem solta a faca e cambaleia para trás. Quatro solta minha mão e eu seguro o punho agora, a dor branca quente pulsando através do meu abdômen. Eu caio de joelhos, arfando por fôlego. Um pânico verdadeiro apreende meu corpo inteiro. Sinto que não consigo ar o bastante. Sangue se derrama do meu estômago, sobre minhas luvas. Eu quero... pará-lo. Mas tudo que posso fazer é observar com olhos arregalados.
(Eu vou... morrer? Estou... assustada.)
Observo quando Quatro se vira e esmurra o homem bem na mandíbula. Ele segue com um rápido uppercut que manda-o voando pelo ar. O cara cai para trás com um baque, mas Quatro não desiste. Ele pula no cara, ajoelhando-se no peito dele enquanto joga soco, atrás de soco, atrás de soco.
(O que está... o que está acontecendo...?)
O cara tenta se defender, jogando suas mãos para cima numa tentativa de se proteger dos golpes de Quatro. Mas é inútil. Quatro é impiedoso... Imparável. Cada movimento que ele faz parece brusco e deliberado. Vendo Quatro perder o controle, a dor esmagadora, sinto que estou perdendo contato com a realidade. Um tipo de dormência me domina, puxando minha consciência para longe dessa situação que não faz sentido. Há um brilho de metal quando Quatro puxa algo da traseira de seu cinto e impulsiona na direção do homem. Eu não consigo mais processar o que está acontecendo enquanto caio, encolhida em dor.
Seis: Sete! Quatro!
Eu consigo ouvir a voz do Seis à distância, e um carro aéreo aterrissando em algum lugar próximo, também. Mas eu não consigo me virar para ver essas coisas.
Quatro: Sete!
Eu sinto algo tocar meu ombro, e de repente os olhos do Quatro estão olhando nos meus. Lágrimas de dor escorrem dos meus olhos enquanto minha visão escurece...
Bipe... Bipe...
Dor... Eu me debato para abrir meus olhos na cegante luz branca. Eu não sinto... nada. Nem mesmo meu próprio corpo. Pânico me domina e eu automaticamente tento me mover. Ainda nem mesmo sinto como se tivesse um corpo. Os bipes dramaticamente aceleram, entretanto.
Dra. Park: Dra. Kamau, você completou ou não completou seu treinamento médico? A paciente está acordando!
???: É claro. Eu terminei meu treinamento como a melhor da minha classe assim como fiz com o resto dos meus diplomas. Vai ficar tudo bem, Sete. Apenas durma um pouco mais.
Eu não posso nem dizer uma palavra quando minhas pálpebras começam a ficar impossivelmente pesadas. Meus olhos ficam desfocados e caem para o lado.
(Quatro? O que ele está...)
Eu não consigo mais lutar contra o peso devastador. Não tenho escolha além de deixar a escuridão me tomar.
Eu me debato para abrir meus olhos novamente, dessa vez me sentindo muito mais clara. Parece que nenhum tempo se passou, talvez apenas alguns segundos. Mas o bipe está mais calmo e não há vozes tensas dessa vez.
(Esse lugar novamente... esse é o laboratório médico, não é? Eu estou numa cama ou algo assim?)
Dessa vez, eu consigo sentir meu corpo, embora esteja mole. Eu olho para baixo, surpresa por me ver vestindo o que parece um vestido hospitalar. Eu tento me sentar, apenas para ver três pessoas paradas ao lado da minha cama. Um trio improvável da Dra. Park, Sargento Raske e Quatro estão de pé ao redor da minha cama. Ao ver o rosto de Quatro, uma torrente de memórias corre de volta para mim.
Quatro: Sete!
(Eu... fui apunhalada... Mas Quatro me salvou, e aquele cara... O que aconteceu com ele? E por que Quatro está aqui agora?)
Eu olho para Quatro interrogativamente e abro minha boca para falar, mas uma outra voz contundente interrompe.
Raske: Eu vejo que você está finalmente acordada.
Meus olhos viram para o Sargento Raske, e cai a ficha do porquê ele está aqui.
(Eu... devo ter estragado a missão.)
A única coisa que eu estava tentando não fazer. Estava tentando tão duro não fazer... Eu estraguei tudo para todos nós.
Raske: Sua missão foi um fracasso completo. Não pensei em esperar muito de você até você se provar mais. Mas Quatro, você já deveria saber não perder o controle daquele jeito. Mesmo assim, talvez você devesse ter passado pelo seu período de treinamento, afinal, Agente Sete. Não sei o que raios a PHASe estava pensando.
Raske exala profundamente.
Raske: Talvez então você não cometeria um erro de iniciante como ir atrás de um alvo sozinha. Você nem mesmo ouviu os companheiros de classificações mais altas. Por quê? O que você estava pensando? Você parou para pensar? Sabe o quanto EU serei repreendido agora? Qualquer coisa que acontece comigo, será 100 vezes pior para você. Eu terei ambos suas punições mais tarde.
Seu longo discurso finalizado, Raske se vira e sai a passos largos da sala. Eu olho para baixo, completamente sem palavras, porém magoada por cada palavra ardente.
(Porque ele está certo. Eu sei que ele está certo.)
Cada uma de suas palavras atingiu contra cada dúvida que eu tinha tido desde o início, e elas cortaram tão profundamente, eu não consigo nem mesmo convocar um argumento.
(Você realmente estragou tudo, Evren... Dessa vez, para todo mundo.)
Para piorar as coisas, eu sinto lágrimas quentes atrás dos meus olhos, querendo me trair.
(Merda... Não na frente do Quatro de todas as pessoas. Eu não mereço chorar quando estraguei tudo para ele.)
Dra. Park: Sargento Raske está correto em todas as contagens.
Minha cabeça dispara acima, e eu encontro os olhos frios da Dra. Park.
Dra. Park: Eu esperava mais de você pelas suas estatísticas. É raro que alguém pula o período de treinamento... É ainda mais raro que alguém consiga entrar na Phantom Alpha. Mas eu garanti por você. Meus resultados de testes garantiram. Seu controle emocional e julgamento racional ganharam marcas altas. Então o que raios foi aquilo lá fora?
Eu estou tão chocada, mal consigo juntar uma sentença. Mas a Dra. Park não me deixa nem tentar.
Dra. Park: Da minha perspectiva, você tem UM trabalho: Performar o mais eficiente possível. Mas isso, isso é... completamente inaceitável— Você sabe mesmo quão mal isso vai refletir em mim e no departamento de ciências inteiro? Se algo estava quebrado no seu corpo ou na sua cabeça, é quando você vem me ver. Você não vai lá fora e completamente ignora suas ordens.
Os olhos afiados de Quatro estão focados inteiramente na Dra. Park. Ele está ereto e tenso, e o próprio ar ao redor dele parece pesado.
Quatro: Sete não é um dos seus experimentos. Não é suficiente que você pôde brincar comigo e com Zero?
Dra. Park bufa.
Dra. Park: Que uso alguém tem para máquinas quebradas?
Dra. Park olha para mim com óbvio nojo.
Dra. Park: Ou incompetentes, falando nisso.
A tensão na sala parece sufocante quando Quatro e Dra. Park perfuram seus olhos um no outro.
???: Olááá.
Uma voz calmante flutua através da sala. Eu olho para cima para ver Dra. Sadik de todas as pessoas vindo em nossa direção.
Dra. Sadik: Boa noite, Sete, Quatro. Dra. Park.
Dra. Sadik inclina sua cabeça levemente, mas eu percebo que seu sorriso hesita quando ela olha de relance para a Dra. Park.
Dra. Sadik: Dra. Park, tenho certeza de que você percebeu, mas eu tinha mandado uma mensagem que Sete era para ser enviada ao meu escritório assim que estivesse bem o bastante. De acordo com os dados das biometrias de Sete, Sete acordou há vários minutos e não está nem mesmo vestida. Mas parece que ela ESTÁ experimentando algum estresse... Há um problema aqui, ou eu posso levar minha paciente?
Dra. Park bufa e larga seu tablet na minha cama, virando-se para longe de mim e Quatro.
Dra. Park: Eu não tenho uso para Agente Sete no momento. Faça o que desejar.
Dra. Sadik: Certo, então... Sete, você poderia ir se vestir? Eu esperarei aqui.
Evren: Hm, sim, mas onde estão minhas roup—
Inesperadamente, Quatro solta uma bolsa na cama.
Quatro: Aí. As roupas da sua missão estão danificadas, então essas foram trazidas do seu quarto.
Evren: A—ah, obrigada...
Por alguma razão, eu me sinto um pouco tímida. Tímida demais para perguntar onde ele as conseguiu, ou até para encontrar os olhos de Quatro nesse instante. Eu saio da cama e agarro a bolsa. Dra. Sadik assente e sorri para mim encorajadoramente.
Dra. Sadik: Eu esperarei aqui por você. Vá em frente.
Dra. Park, quem tinha se afastado para um computador, olha de relance para Quatro. Ela abre sua boca como se fosse dizer alguma coisa, mas naquele momento Quatro se vira e começa a sair da sala. Eu sinto que quero dizer algo a ele enquanto observo suas costas recuarem, mas nenhuma palavra vem à mente. A esse ponto, eu nem mesmo sei como me sentir. Ou o que sentir. Feliz que estou viva? Frustrada que estraguei tudo? Confusa por tudo? Mas estou aliviada que a Dra. Sadik está aqui. Ainda em transe, eu caminho ao banheiro para me vestir. Depois da sessão da Dra. Sadik, exausta, eu fui direto para cama e adormeci sem nenhum pensamento... Apenas para acordar no meio da noite, sofrendo com pensamentos sobre os eventos malucos do dia. Inquieta e incapaz de dormir, eu decidi vir ao jardim para ver as estrelas. As estrelas acalmam um pouco da minha turbulência interna, mas me sinto perdida. E mais que tudo, eu me sinto solitária. Inconscientemente, minha mente flutua para ele...
-Seis
-Quatro {+Premium}
-Zero {+Premium}
Inesperadamente, minha mente perambula para Zero quem não vejo há um tempo. Sinto que ele entenderia como eu estava me sentindo nesse instante, de algum modo.
(Eu me pergunto se ele já estragou uma missão?)
Todos os outros rapazes parecem tão experientes. Confiantes, em si mesmos. Mas Zero ainda parece incerto.
(Acho que ele entenderia... Seria legal falar com alguém assim.)
Eu me encontro sentindo falta do sentimento relaxante que Zero me dá. O jeito que eu posso dizer qualquer coisa, e sei que ele ouvirá sem ficar chateado comigo ou me julgar. Mas já passou da meia-noite, e tenho certeza de que ele está dormindo agora. A sensação de querer falar com ele não passa, porém.
(A sessão da Dra. Sadik ajudou, mas... Ainda há muita coisa sobre as quais não sei como me sentir.)
A reação severa que Raske teve, a frieza da Dra. Park, cometendo um erro, sendo apunhalada... ...O fato que Quatro matou um homem. Por minha causa. Eu consigo sentir a ansiedade borbulhando novamente. Eu rapidamente penso no que a Dra. Sadik me disse para me acalmar.
Dra. Sadik: Você está se sentindo bem? Está com alguma dor?
Eu inconscientemente toco meu estômago, onde está apenas um pouco mais macio.
(É difícil acreditar que eu fui apunhalada hoje... As instalações médicas da PHASe são incríveis.)
Evren: Ah... Honestamente, não sei dizer... Eu me sinto exausta e um pouco sonolenta...
Dra. Sadik: As drogas provavelmente não passaram ainda. Tenha certeza de deixar alguém saber se você sentir qualquer dor ou tiver problemas, ok?
Evren: Ok, obrigada...
Dra. Sadik: Você teve um momento difícil na sua missão. Como se sente?
Evren: Um momento difícil, ha. Eu estraguei tudo, fui apunhalada e Quatro... Quatro... O homem está morto, certo?
Dra. Sadik encara uniformemente de volta para mim e dá um leve assentir de cabeça. Eu olho para baixo, sentindo-me chocada.
Evren: Quatro o matou... Ele era seu alvo e eu tentei ajudar, mas ele o matou... Por minha causa.
Dra. Sadik: Você está bem?
Evren: Eu... Não, não muito.
Dra. Sadik: Está tudo bem não se sentir bem. Essas são coisas pesadas que aconteceram.
Dra. Sadik olhou para baixo brevemente, murmurando para si mesma sobre checar Quatro em breve.
Evren: Não apenas aconteceu, no entanto. Eu causei isso! A missão do Quatro fracassou por minha causa.
Dra. Sadik: Fracassos em missões são normais, e agentes não têm sucesso nelas o tempo todo. Você não deveria se culpar. E ninguém mais deveria. Especialmente não a Dra. Park. Você é mais do que consegue fazer.
Ser um agente... Estou começando a me perguntar se realmente pertenço aqui. O que a Dra. Park disse volta para a frente da minha mente.
“Da minha perspectiva, você tem UM trabalho: Performar o mais eficiente possível.”
Mas eu não sou nada eficiente. Deixei as emoções me afetarem. Eu fiz meu melhor, e não foi bom o suficiente... Pelo que estou fazendo tudo isso? Eu não deveria fazer essas perguntas? Suspiro e olho para o céu além do domo.
???: Aproveitando a vista, Evren?
Uma repentina voz feminina na minha orelha quase me dá um ataque cardíaco, mas eu tento permanecer calma.
Evren: Quem é?
???: Você pode me chamar de corvo mensageiro da KAIROS... ou algo do gênero.
A mulher fala com um sotaque, talvez britânico ou escocês, não sei dizer bem.
Evren: KAIROS...?
???: Você deve estar bastante surpresa por descobrir que seu irmão está na KAIROS.
Evren: Então, ele realmente está...
???: Sim, ele é agora o próprio Diabo da KAIROS.
Meu estômago se espreme e eu engulo em seco com força. Acho que ainda havia alguma esperança guardada de que isso não fosse verdade, mas...
???: Você gostaria de vê-lo para uma conversa?
Evren: Hein?
(Eu gostaria...?)
Meu coração, indiferente de alianças, salta pela oportunidade de realmente ver o Nish de novo. E na minha mente, eu sei que quero perguntar a ele sobre isso... Eu preciso ouvir sobre isso—por que ele está fazendo isso—de sua própria boca. Mas e se for uma armadilha?
Evren: Mas—
???: A reunião seria em algum lugar neutro e cheio de civis. E mesmo se for uma armadilha, que outra escolha você tem?
A mulher dá uma risada.
???: Não se preocupe, seu irmão gostaria de você viva e ilesa de qualquer forma. Mas é melhor você não informar a PHASe, porque a reunião seria cancelada num instante.
Evren: ...Se eu decidir me encontrar com Nish, onde deveria ir?
???: Apenas espere uma ligação em uma meia-hora e esteja pronta para sair até a cidade imediatamente.
A ligação termina antes que eu possa dizer outra palavra. Minha mente corre, tentando processar o que acabou de acontecer.
Evren: O que eu deveria fazer?
???: Você vai se encontrar com seu irmão?
Dessa vez, uma voz masculina interrompe minha linha de pensamento. Eu me viro para ver Zero parado ali.
Evren: Zero? Você... ouviu minha conversa agorinha?
(Ah, não... Isso provavelmente parece muito ruim.)
Evren: Eu não sou uma espiã ou coisa assim!
Zero meramente me encara em surpresa e eu encontro palavras jorrando numa torrente.
Evren: Eu sei... Eu sei que as coisas provavelmente parecem realmente ruins para mim agora. Eu estraguei a missão e— e KAIROS está me ligando, mas eu juro que não pedi para que eles ligassem!
Eu agarro minha cabeça com as duas mãos e fecho meus olhos com força.
Evren: Eles só saíram de lugar nenhum perguntando se eu queria me encontrar com o Nish. E é claro que eu quero ver meu irmão, já fazem tantos anos! Especialmente agora de todos os momentos, quando estou tão incerta, eu sinto que... Só não sei... ...o que fazer ou...
Eu sinto mãos nas minhas e lentamente abro meus olhos para ver Zero parado bem na minha frente.
Evren: ...o que estou fazendo... mais...
Quando seus olhos azuis perfuram os meus, minha voz se aquieta em surpresa. Ele gentilmente puxa minhas mãos para longe da minha cabeça. Por alguns momentos, nós meramente encaramos um ao outro, e eu me sinto me acalmando. Mas então Zero larga minhas mãos e dá um passo para trás, como se ele tivesse acabado de perceber o que estava fazendo.
Evren: Zero?
Zero: V—você estava... Parecia que você estava surtando. Eu não sabia o que fazer... Desculpe.
Evren: Não, está tudo bem, eu só... Você está certo. Eu estava surtando. Nunca me senti tão perdida como me sinto agora. Eu quase sempre sei o que fazer. Em qual direção ir. Mas é como se tudo estivesse dando errado desde que cheguei em Olympia, e não sei se estou mesmo fazendo as escolhas certas. De repente, estou repensando tudo que faço e só... Estou feliz que você esteja aqui, Zero.
Zero: Ouvi o que aconteceu na missão de vocês hoje. Eu não sabia o que podia fazer, no entanto... Eu vim aqui porque precisava pensar, também. Eu estava... preocupado com vocês. Então, mesmo se se eu não possa fazer muito, estou feliz que pude ajudar um pouco.
Evren: Apenas ter alguém que se importa e ouve é tudo em horas assim. Eu só... não sei o que fazer. Foi... uma decisão errada me juntar à PHASe? Talvez eu só esteja atrasando vocês. Não acho que sou boa o bastante para fazer isso.
Zero apenas responde com silêncio. Eu suspiro e me viro para as estrelas em vez disso. Mas elas estão tão silenciosas quanto ele.
Zero: ...Eu não sou bom em conversar.
Evren: Eu... Eu sei, está tudo bem.
Zero: Mas vou tentar meu melhor por você.
Eu olho de relance para Zero em surpresa.
Zero: Eu acho que... o que você está sentindo é o que eu sinto quando estrago as coisas, também. Nenhum de nós é perfeito. Nós cometemos erros. Sinto que eu comento mais erros do que qualquer um. PHASe espera muito da gente... Então, parece que nós cometemos um monte de erros.
Zero pausa. Ele parece estar tentando escolher suas palavras cuidadosamente.
Zero: Tudo que nós fazemos aqui... é pesado. Nossas ações afetam tantas pessoas. Carregam muito peso. É por isso que... parece um grande problema quando nós estragamos as coisas. Porque é. E isso faz nossos erros parecerem maiores. Parece que nós não conseguimos fazer nada certo... E começamos a duvidar de nós mesmos. A castigar nós mesmos.
Eu assinto em concordância.
Evren: Sim... É exatamente como eu me sinto agora.
Zero: É difícil viver assim... Sempre assustado de cometer seu próximo erro. Eu realmente não sei como tornar melhor, no entanto... Você disse que sempre sabe o que fazer. Mas eu não sou nada assim. Então, acho que você deve ser muito capaz. Mais do que eu. Você é alguém que pode fazer muitas coisas bem. É por isso que está na Phantom Alpha. Mas... você é apenas... humana... Então, tem permissão de cometer erros. Você tem permissão de não saber o que fazer às vezes.
Eu sorrio um pouco.
Evren: Você pensaria que eu saberia disso, mas de alguma forma... É bom ouvir.
Zero: Quanto mais longe de viver como um humano normal você fica, mais você sente que não pode cometer erros. A responsabilidade te esmaga, te sufoca, até você achar que não consegue mais respirar. Então nessas horas, eu só... respiro. Respiro fundo e penso no que me deixa feliz. Penso pelo que estou fazendo isso. Pelo que você está fazendo isso.
Evren: ...E se eu não tiver certeza?
Zero: Acho que é normal não ter certeza, mas... Tenho certeza de que há alguma razão que você começou isso. Alguma razão que você continua em frente quando a escuridão se aproxima. Se você ainda não tem, tenho certeza que vai encontrar.
Eu olho para baixo, refletindo as palavras de Zero.
Evren: ...Obrigada. Sabe... Você é muito sábio.
Zero: Não sinto que sou, mas obrigado.
Evren: Eu tentarei encontrar essa razão, então...
Minha mente retorna ao Nish e aquela ligação.
Evren: ...Não tenho certeza do que devo fazer sobre Nish, no entanto.
Zero: Acho que você deveria fazer o que quiser.
Evren: Hein?
Zero: Não deveria? Nós deveríamos viver fazendo o que queremos. Ser emotivo e apaixonado é o melhor jeito de viver, para mim. Se eu não estou fazendo o que quero, é quando... me sinto perdido.
Evren: Hm... Você está certo. É assim que eu estive tentando viver, também. O que eu quero... Eu quero ver Nish. Eu quero falar com ele e descobrir por que ele se juntou à KAIROS.
Zero: Então, faça isso.
Evren: Mas...
Zero: Eu não vou te impedir e não direi a ninguém.
Estou chocada pela gentileza do Zero, e me pergunto se posso realmente confiar no que ele diz.
Evren: Mesmo se eu for, ainda poderia ser uma armadilha.
Zero; Você quer que eu vá contigo?
Evren: Hein? Você iria... fazer isso? Poderia ser perigoso. Não posso te pedir para fazer isso.
Zero: Eu sou designado para lidar com o perigo. E sou seu companheiro de equipe. Não posso te deixar ir sozinha.
Mais uma vez chocada ao silêncio, eu não consigo dizer nada por um tempinho.
Evren: ...Você é um cara imprevisível, sabia disso?
Zero: ...É porque eu vivo emocionalmente. Quando e onde estamos indo?
Sem espaço restante para argumento, eu me encontro suspirando com um sorriso.
Evren: Agora. Você está disposto a uma viagem para a cidade?
Há aproximadamente meia-hora, eu recebi outra ligação com a localização da reunião. Foi um cronograma apertado, o que foi provavelmente o ponto, mas de algum modo nós chegamos no salão. Eu sinto meu estômago se torcendo nervosamente, o pensamento de finalmente ver meu irmão após anos... Para não mencionar o fato que estamos em lados opostos... Dizer que eu me sinto tensa pode ser o eufemismo do século. Sinto uma adorável mistura de tensão, nervosismo, antecipação e incerteza. Quando nós entramos no clube, eu olho ao redor enquanto tento parece o mais casual possível.
(Nish e eu conseguimos conversar um pouco, mas aquilo não terminou bem exatamente na época...)
Eu estou quase surpresa que não atraímos nenhuma atenção, mas os clientes aqui parecem se importar muito pouco com alguém que não conhecem.
(Então, eu posso apenas imaginar como vai ocorrer dessa vez...)
Alguns olhares duram mais, mas apenas por um curtíssimo momento antes que eles voltem aos seus próprios afazeres. Meus olhos aterrissam num par sentando-se numa das mesas mais distantes. Sinto meu coração cair no meu estômago quando vejo quem é.
(Nish...)
Embora eu estivesse esperando, realmente vê-lo pela primeira vez em anos ainda me atinge como um soco na boca do estômago. Meus olhos se movem para a mulher ao lado dele. Os olhos dela disparam direto para mim como se ela sentisse alguém olhando para ela. Ela diz algo para Nish, quem então se vira para olhar na minha direção, também. Fico aliviada de ver que meu irmão ainda parece tanto consigo mesmo. Não sabia o que estava esperando, mas a sensação de familiaridade que tenho ao vê-lo me tranquiliza. É como se eu estivesse com medo de que depois de se juntar à KAIROS, ele não seria mais ele mesmo. Eu olho de relance para Zero. Ele se inclina para sussurrar para mim.
Zero: Aquele é seu irmão?
Evren: Sim, esse é o Nishant.
Zero: ...Você está bem?
Eu sorrio para Zero.
(Ele está preocupado comigo? Eu provavelmente pareço um pouco nervosa...)
Evren: Sim, estou bem. Obrigada, Zero.
Nós sentamos no lado oposto da mesa, comigo agora sentando cara-a-cara com meu irmão.
Nish: Evren, é bom finalmente te ver em pessoa.
Evren: Nish... Eu não te vejo há tanto tempo.
Eu olho de relance para a mulher ao lado do meu irmão. Ela está sentando inclinada contra seu assento, seus braços cruzados na sua frente enquanto nos observa silenciosamente.
Evren: E quem é sua amiga?
???: Ah? Curiosa sobre mim?
A voz da mulher soa familiar, e eu demoro um segundo parar juntas as peças.
Evren: Foi você quem me ligou!
A mulher dá uma risadinha quieta e assente.
???: Deixe-me me apresentar adequadamente dessa vez. Me chamam de Temperança, é um prazer finalmente te conhecer~
(Temperança...? Como uma das líderes da KAIROS?)
Estou quase tentada a chamar a PHASe, mas ela já me avisou contra isso. E honestamente, eu quero falar com meu irmão sobre tudo isso mais do que quero que a PHASe invada.
(Além disso... Não estou sozinha e se a PHASe aparecer... Posso nunca mais ver meu irmão novamente.)
Tempie: Nish me disse tudo sobre você~
Evren: Eu não posso realmente dizer a mesma coisa, mas... Acho que é legal encontrar alguém da KAIROS que está... mais disposta a apenas sentar e ter uma conversa. Nunca encontrei alguém que não tinha que esmurrar ou coisa parecida.
Temperança dá uma risadinha e assente. Eu viro minha atenção de volta para meu irmão.
(É hora de ter algumas respostas.)
Finalmente estando na frente dele, eu percebo que não sei bem por onde começar. Parece que eu quero dizer tudo e nada ao mesmo tempo.
Nish: Tenho certeza de que você está se perguntando como ou por que eu acabei onde estou.
Evren: Sim, estou.
Nish esfrega seu queixo em reflexão.
Nish; É bem simples, para ser honesto. Houve umas merdas com a PHASe. Você poderia dizer que eu me meti em problemas com eles sem pretender, e a Tempie aqui me arrastou para fora. Ela me deu uma escolha: ficar e lutar ou sair. Acho que é óbvio qual escolha eu fiz.
(Sim, muito óbvio...)
Eu olho de relance para Temperança. Ele diz que ela lhe deu uma escolha, mas deu mesmo? Olho de volta para ele com uma careta.
Evren; Quero mais detalhes. Esse não é um tópico que você pode ser vago, Nish. Que problema com a PHASe? No que diabos você se meteu depois que foi embora?
Nish: ...
Evren: Você não pode esperar que eu acredite em ti depois de tudo que aconteceu, não se não me der nada.
Eu não falo. Não quero provocá-lo. Mas como eu deveria saber que ele não sofreu lavagem cerebral com algum absurdo por aquelas pessoas? Ele suspira.
Nish: Eu não ia esconder de você. Mas você está pronta para ouvir sobre a verdadeira PHASe?
(A verdadeira PHASe...)
Eu já me sinto defensiva. Isso PARECE lavagem cerebral.
(Acho que essa seria minha chance para voltar. Mas... quero saber a verdade. Eu passei anos me perguntando o que raios aconteceu com meu irmão, e de jeito nenhum vou deixar essa chance escapar agora.)
Evren: Sim, eu quero saber.
Nish assente e se inclina para trás no seu assento.
Nish: Sente-se e fique confortável, então.
Tempie: Eu sugiro pedir bebidas.
Temperança se intromete, agarrando o tablet na lateral da mesa. Ela pede algo para si mesma antes de passar o tablet ao redor para todos.
Tempie: Nos destacamos um pouco menos agora, hm?
Nish espera que as bebidas de todo mundo cheguem antes de começar a falar, o que apenas demora um momento. Ele sutilmente olha de relance aos nossos arredores, e eu faço igual. Até onde consigo ver, ninguém está prestando atenção na gente. Você pensaria que como agentes altamente treinados, nós atrairíamos muito mais atenção. Mas não somos as pessoas mais estranhas no lugar.
(Diabos, nós quase nos disfarçamos totalmente.)
Quando me viro de volta para Nish, ele começa a falar.
Nish: Começou logo depois que nós tivemos nossa briga. Eu queria esfriar minha cabeça, então pensei que uma boa visitinha à cidade me faria algum bem. Eu cheguei nas paredes externas da cidade, e foi lá que esbarrei num problema.
Evren: Problema? Que tipo de problema?
Nish: Coletores...
(Aqueles cuzões... eles são dificilmente bons de ver.)
Nish: Não sei como eles me encontraram, mas me cercaram e antes que eu soubesse... Eu tive que tentar abrir um caminho à força daquela bagunça. Eu fiz o que podia, mas estava em menor número.
Sinto meu estômago se torcer em nós.
(Eu deveria estar lá... Se nós não tivéssemos tido aquela luta estúpida, eu teria estado lá.)
Dado onde ele acabou, não consigo imaginar que sua história fica melhor.
-Dizer alguma coisa.
Evren: O que você fez? Está aqui agora, então obviamente saiu de algum jeito.
Nish bufa.
Nish: De algum jeito, sim.
-Não dizer nada.
Não querendo quebrar seu ritmo, eu decido guardar qualquer comentário para mais tarde. Nish suspira.
Nish: Até mesmo com o que posso fazer, estava sobrecarregado, e tudo que me lembro foi tudo ficando preto. Quando acordei, estava num quarto branco simples. Depois de talvez uma hora gritando e tentando derrubar a porta no chute, alguém apareceu. Foi quando eu descobri que tinha sido vendido.
(Quê... vendido?)
Nish: A PHASe gosta de colocar todas as pessoas promissoras sob seu cuidado “amável”. Não importa como eles as conseguem contanto que consigam.
Meu olhar vira para Zero. Ele está sentado lá silenciosamente, aparentemente focado em examinar seu drinque. Eu posso apenas adivinhar se ele não está dizendo nada pelo meu bem, ou por causa de outra coisa. Eu me viro de volta para Nish.
Evren: O quê, então?
Nish: Eles me mandaram para uma de suas instalações para testes imediatamente. Eu tinha potencial para ser ótimo, eles disseram. Para me tornar algo além de humano, além do que podemos conseguir até mesmo com aums.
Evren: Quê...? Mas isso é...
Nish: O quê? Perigoso? Impossível?
Eu assinto.
Evren: Todas as opções...
(Aums já nos tornam algo além de humano, e ir até mesmo além disso é... Não posso imaginar.)
Nish suspira e toma um longo gole de seu drinque.
Nish: Projeto Lúcifer é uma das operações mais profundamente encobertas executadas pela PHASe. É altamente confidencial, então a maioria não saberia nada sobre isso. ...Eu estava trancado na instalação deles, forçado a participar desse “estudo” deles. O projeto foi criado para estudar humanos nascidos com habilidades incomuns. PHASe queria saber se era possível para humanos normais desenvolver essas habilidades.
Nish bufa.
Nish: Mais importante, eles queriam saber se poderiam aprimorar as habilidades daqueles que já as tinham. Se seus agentes poderiam ser aprimorados e transformados em armas melhores, então seria apenas melhor para a PHASe. Certo?
Como eu posso discutir com isso? Com o que Quatro me disse sobre Angmar e... tudo mais. Não posso discutir que eles não são assim, que eles não brincariam com vidas humanas assim. Nish continua, apesar da minha turbulência interna.
Nish: Eu fui uma das cobaias com habilidades pré-existentes. Eles me colocaram através de incontáveis testes e experimentos que eram todos para aprimorar permanentemente minhas habilidades naturais.
Uma pressão desconfortável cresce no centro do meu peito.
Nish: Eles tiveram sucesso e eu recebi o codinome Quinze, para comemorar meu tempo como Cobaia 0015.
Evren: Quinze? Mas... isso significa que você estava na Beta.
Nish: Eu estava. Mas também era altamente combativo e desobediente. Eu provavelmente ainda detenho o recorde de quantas vezes tive de ser trancado por problemas de disciplina.
Ele sorri a isso, mas apenas me faz sentir mal. Nish na verdade parece orgulhoso disso, mas tudo que eu consigo pensar é o fato que a PHASe trancaria seus agentes assim como criminosos.
(Mas considerando quão fortes são seus agentes, acho que faz sentido que para sua própria segurança eles possam ter que trancá-los.)
Embora não parece que Nish estava lá voluntariamente. Eu sei como alguns da minha equipe entraram na PHASe, mas fico preocupada que alguns deles possam estar guardando segredos assim.
Evren: ...você disse que Temperança te tirou de lá.
Tempie: Eu provavelmente posso responder isso melhor~
Eu me viro para ela com um pequeno assentir de cabeça, silenciosamente estimulando-a para continuar.
Tempie: Eu invadi uma das instalações deles. Ouça bem, eu estava procurando por outra coisa totalmente. Encontrei o que eu estava atrás e mais. Havia pastas em cima de pastas sobre a “Cobaia 0015”. Estava cheio de páginas sem fim sobre seu potencial e seus problemas comportamentais. Ele estava perturbado e se tornando um problema. Mas Quinze era valioso demais para que desistissem dele. Quaisquer problemas que eles estavam tendo com ele, eles próprios causaram. Mas eles não viam daquela forma. “Quinze” era o problemático por simplesmente não se curvar à vontade deles.
Eu me forço a respirar profundamente antes de tentar dizer qualquer coisa. Apesar do que eles me disseram sobre a PHASe, não sei que posso confiar na KAIROS. A história soa real o bastante, mas como posso saber que a KAIROS não fez lavagem cerebral no meu irmão?
(Como sei que eles não estão só usando ele?)
Evren: Não sei sobre tudo isso... Não sei se posso apenas... acreditar nisso.
Nish: Eu deveria saber. Você nunca pode acreditar em mim, não é? Mesmo depois de todos esses anos... te mataria confiar na minha palavra, por uma vez? De novo e de novo eu te digo a verdade, mas você—
Evren: Quê... não, Nish, isso não é sobre aquilo dessa vez. Antes de você ir embora... Eu estava com medo da verdade, não queria olhar para ela, então era mais fácil te chamar de mentiroso. Não é que eu não quero acreditar em você. Digo... Eu quero e não quero...
(Se for honesta, faz mais sentido do que qualquer coisa... Mas... PHASe é responsável pela segurança desse país inteiro. Eles estão no leme deste mundo. Isso é... As coisas não podem ser tão preto e branco assim.)
Nish: Então, o quê? O que é?
Eu olho de relance para Temperança do canto do meu olho. Ela e Zero parecem estar silenciosamente observando nossa troca.
Evren: Bem, pra começo de conversa, tudo que você está dizendo... É incrivelmente pesado. E você diz que a PHASe é ruim e que eles fizeram essas coisas horríveis... Mas como eu deveria saber que a KAIROS não é igual? Ou que esse “Projeto Lúcifer” era real? Como eu deveria saber que você não é algum peão doutrinado nesse instante?
Nish: Quê... está falando sério, Evren?!
Evren: Eu só quero a verdade, Nish.
Nish: Essa é a verdade! Não sei o que mais você quer de mim...
Nish suspira e esfrega suas têmporas.
Tempie: Diga-me, Evren, o que você pensa da PHASe?
A pergunta repentina de Temperança me pega de surpresa, deixando-me encarando-a por um bom momento.
Evren: O que eu acho da PHASe...?
Tempie: Sim. Tenho certeza de que você viu o bastante para pelo menos começar formando uma opinião dela? Então... O que você acha?
Eu não estava esperando ser questionada tal coisa, então levo um segundo para pensar.
-PHASe é uma parte integral da sociedade.
Evren: PHASe... ajuda as pessoas. Mantém a ordem e protege todo mundo. Olympia está guiando esse mundo inteiro, então... PHASe é parte disso. Sem P.H.A.N.T.A.S.M., quem sabe quão terrível as coisas estariam agora? Eles têm que fazer algumas decisões difíceis, mas a PHASe está protegendo a paz nesse mundo quebrado. Essa equipe... Phantom Alpha, está lutando para proteger a paz das pessoas.
Tempie: Sério? Essa é a resposta legal ou o que você realmente pensa?
Evren: É o que eu acredito.
Tempie: Então, a PHASe ajuda as pessoas...
Eu assinto lentamente.
(Apesar de seus métodos... Eles trouxeram muita felicidade para as pessoas. Ninguém pode discutir que eles não fizeram tanto bem para o mundo.)
-Não tenho muita certeza do que acho...
(O que eu realmente acho da PHASe...?)
A resposta completa parece complicada demais para compreender agora. Embora, parte de mim ache que são só meus próprios sentimentos que estão complicando como eu vejo as coisas.
Evren: Para ser honesta, não tenho muita certeza. Mas sei que essa equipe na qual estou é cheia de pessoas boas, lutando para proteger outras.
Temperança suspira.
Tempie: Então, é isso que você pensa...
Temperança olha para a distância em algum lugar, na direção das luzes piscantes e pessoas socializando.
Tempie: Essas pessoas lá fora, andando na luz, seguras e inteiras? Elas nunca saberão o que você fez para elas no escuro. O que for que a PHASe ofereça, tudo vem num grande preço. Se as pessoas soubessem da verdade, depravada e terrível como é, eles iriam contra o sistema num instante. Mas a verdade é cruel, fria e feia. É por isso que tolos escolhem permanecer tolos. Ignorância é uma bênção, afinal.
Seus olhos disparam de volta para mim de repente. Qualquer pista de brincadeira que ela pode ter tido em seus olhos antes se foi inteiramente. O jeito que ela olhou para mim me fez sentir estranhamente nua, como se ela pudesse ver direto para minha própria alma.
Tempie: PHASe tem muitos segredos obscuros. Alguns mais obscuros do que você poderia possivelmente imaginar.
Temperança olha para Zero.
Tempie: Ora... só pergunte ao Zero. O que realmente aconteceu com a Iniciativa Zero. Pergunte a ele sobre o que realmente era o programa da PHASe, e o que aconteceu com aquelas outras crianças.
(Outras crianças?)
Eu sinto meu estômago se torcer quase dolorosamente. Zero não diz nada, mas consigo ver que seus punhos estão se apertando debaixo da mesa. Ver isso apenas faz o peso das palavras de Temperança baterem com mais força. Eu me sinto... assustada de perguntar, mas ao mesmo tempo quero saber. Mas não assim. Eu não faria isso com o Zero. E estou zangada que Temperança iria tão casualmente trazer à tona algo que claramente o afeta tanto.
(Essa mulher... ela sabe demais. Como a KAIROS tem acesso a esse tipo de informação? Os arquivos da PHASe fazem KAIROS parecer como uma bagunça desorganizada de rebeldes, então... Como é que eles têm toda essas informações super secretas?)
Nish: Algo disso muda sua ideia?
Evren; Eu realmente não sei, Nish...
Nish: Pensei que poderia te convencer, mas acho que não. Esperei que... Não quero lutar contra você. Não quero ser seu inimigo...
Eu assinto. Nish não termina sua frase, mas não precisa. E eu não o faço dizer também.
Evren: Eu só... Eu só preciso de um tempo para processar tudo isso. Mas por favor, Nish. Por favor entenda, que para mim, você sempre será meu irmãozinho.
Tempie: Nós deveríamos ir agora.
Evren: Espera. Como eu... Se eu quiser falar com meu irmão de novo, como entro em contato com você?
Nish: Vou falar com você.
Evren: Não confia em mim para não dar sua informação para a PHASe?
Tempie: Nós não confiamos que a PHASe não a consiga de algum jeito, de qualquer forma. Nem importa se você quer que eles descubram ou não.
Evren: Entendo...
Nish: Eu ligarei pra você, prometo, Evren.
Os dois se levantam e penso em chamá-los novamente, para impedi-los de irem embora. Mas não faço. Eu só... sento lá, e observo meu irmão desaparecer na escuridão. Há um monte de coisa para pensar, e nem sei se posso falar com a Dra. Sadik sobre isso. Sinto que posso confiar nela. Mas o mesmo pode ser dito sobre a PHASe? Eu me sinto estranhamente em transe, tão perdida em minha própria mente que mal registro que me levantei. A exaustão de outro dia insanamente longo com uma montanha-russa de emoções me atinge com força total. Sinto a mão quente de Zero no meu ombro, me incentivando adiante e me guiando através do salão. Ele não diz nada e me sinto grata. Ele me guia para fora do salão e de volta ao carro. Nós rapidamente voltamos para PHASe como se nada tivesse acontecido.
Esse é o fim do terceiro capítulo. Até a próxima! :)

Comentários

Unknown disse…
Continua a postaaaaarrr :((
Unknown disse…
ohh muito obrigada!!

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