Seduce Me: Matthew (parte 6)
Oi oi, pessoal! Crys-chan voltou com mais Seduce Me! Espero que gostem! 😉
Meus olhos abriram, ajustando-se à visão ao meu redor. Senti a seda familiar debaixo de mim, me dizendo que eu estava na minha cama. Lentamente me sentei, alongando-me do meu cansaço que ainda persistia. Senti uma dor leve no meu pescoço e nos ombros e podia sentir meus lábios inchados pulsando gentilmente. Mas quando olhei pra baixo pro meu corpo, vi que minha camiseta tinha sido colocada de volta e abotoada como se nada tivesse acontecido entre o Matthew e eu. Só estava faltando o meu laço. Antes de sair da cama, percebi o meu laço no travesseiro ao lado do travesseiro que usei. Ele estava amarrado ao redor do Simon Tabby num belo laço com uma pequena nota presa nele. Gentilmente tirei a nota da amarra e abri-a para ler.
Matthew: Eu sinto muito muito MUITO MESMO! Não era minha intenção passar dos limites. Por favor, me perdoe…
Encarei a nota, deixando que um pequeno sorriso decorasse meus lábios. Ele passou dos limites? Eu gostei muito. Era fofo imaginá-lo me agradecendo por uma coisa que nós dois fizemos e gostamos. Levei a nota ao peito, deixando que as memórias do nosso encontro inundassem a minha mente.
Mika: Eu me entreguei também, Matthew…
Olhei a hora por curiosidade. Os números brancos e grandes no meu celular mostravam ‘17:31’.
Mika: Ops… Quatro horas nocauteada… E AINDA me sinto cansada…
Era domingo, então eu podia dormir mais se eu quisesse… A lembrança da noite se passou, surpreendentemente rotineira. Os rapazes continuaram treinando, mas foram gentis o suficiente pra pararem e fazerem o meu jantar. Fiquei feliz com aquilo. Não era surpresa que a comida estava perfeita, mas pareceu meio vazio sem os rapazes pra comer comigo. Eles já devem ter comido, mas ainda me senti solitária. Não podia deixar isso me incomodar. Comi e voltei pro meu quarto pra estudar e dormir. Surpreendentemente, me senti bem ao ir pra cama naquela noite. Senti que poderia ter um sono pacífico, depois das noites difíceis que tive. Me senti bem. Mergulhei no sono e acordei quase perfeita na manhã seguinte. Sem preguiça, sem dores; perfeitamente energizada e alerta.
Mika: Mano, faz quanto tempo desde que dormi tão bem assim?
Olhei pro meu despertador. Acordei dez minutos antes do meu alarme.
Mika: Ora, vejam só! Acho que estou com sorte hoje!
O carma me deu um pouco de sorte! Depois de tudo que passei em pouquíssimos dias, eu merecia ter um pouco de boa sorte. Extasiada pelo dia a seguir, desliguei meus alarmes antes que eles pudessem tocar e me vesti. Mas o meu celular começou a vibrar por uma mensagem recebida.
Mika: Hein? Quem tá me mandando mensagem tão cedo??
Suzu: Oi, Anderson! Você vai pegar carona com a gente a partir de agora! Não vamos te deixar gastar dinheiro num ônibus! Fique pronta e esteja no seu portão às 7 em ponto!
Sorri. Minhas amigas eram as melhores. Eu não podia dirigir ainda e não tinha um carro, então era incrível que as minhas amigas me deixassem pegar carona. Vi a hora. 06:30.
Mika: Perfeito! Posso comer um pouco do café da manhã antes delas chegarem.
Arrumei minha mochila e carreguei pro andar de baixo em direção à cozinha. Assim que entrei na sala de jantar, vi um prato com ovos, torrada e bacon em cima da mesa. Havia uma xícara de café quente próxima ao prato, com açúcar e creme ao lado. Andei até a mesa e não consegui acreditar no que estava vendo.
Mika: Quem fez isso…?
Assim que falei alto, uma pequena nota vermelha atraiu a minha atenção.
Mika: “Tenha um bom dia. Seu.”
Meu coração pulou uma batida quando li. Sabia que isso era de algum dos rapazes. Talvez fosse… dele? Sorri antes de colocar a nota na minha mochila e comer. A comida estava tão deliciosa, eu devorei cada mordida incrível. Olhei pra hora novamente. É hora de sair. Me apressei até as portas, verificando minha aparência no espelho ao passar. Não queria impressionar ninguém, mas ainda precisava parecer decente. Mas antes que eu pudesse alcançar a maçaneta da porta, alguém pegou a minha mão.
Mika: Hein?
Virei pra ver o Matthew, que estava impedindo a minha mão com uma carranca preocupada no rosto.
Matthew: Meu nome…
Mika: Seu nome…?
Matthew: Meu nome VERDADEIRO não é Matthew… Quero que você saiba o meu nome de verdade, se alguma coisa acontecer.
O nome verdadeiro dele? O que significava aquilo? Por que ele estava me contando aquilo agora? Me lembrei de ler sobre o nome de um demônio no diário que li ontem… Se você soubesse o nome verdadeiro de um demônio, poderia invocá-lo até você, não importa onde você ou ele estivesse. O Matthew gentilmente me puxou até ele e se inclinou pra perto pra sussurrar na minha orelha.
Matthew: O meu nome é Zecaeru.
Assim que ele disse o seu nome, consegui senti-lo se trancar na minha memória. Algo na minha cabeça se certificaria de que eu nunca iria me esquecer daquilo. O Matthew se afastou e sorriu pra mim, apesar de que ainda carregava preocupação nos seus olhos.
Matthew: Se estiver em qualquer perigo, chame o meu nome. Eu prometo que vou te ajudar.
Encarei o Matthew, incapaz de falar qualquer coisa. Só consegui assentir uma resposta. O Matthew sorriu antes de soltar a minha mão e entrar na sala de jantar. Algo me disse que aquele nome seria utilizado eventualmente… E bem na hora, a Naomi dirigiu até os portões com a Suzu acenando pra mim. Me apressei pela porta e fomos pro colégio, conversando sobre a lição de casa e o dia a seguir. Chegamos na escola sem problemas. Nossos armários estavam na mesma parte do corredor, então tiramos o que precisávamos e pegamos nossos livros e necessidades importantes. O primeiro incidente do dia. Enquanto eu andava em direção à Suzu e à Naomi, que estavam me esperando no lado oposto do corredor, alguma coisa prendeu o meu tornozelo e me fez cair pra frente.
Mika: Opa—!! AI!
Suzu: EI! Você tá bem?
Naomi: Quem fez isso??
Nós três olhamos pra trás pra ver a Lisette e o seu grupinho de garotas. A Lisette tinha uma expressão de inocência total enquanto as garotas ao redor dela davam risadinhas como se não houvesse amanhã.
Suzu: Ora, sua—!!
Naomi: Suzu! Não!
Senti um fogo enorme de raiva queimar no meu estômago enquanto encarava a Lisette. Hoje não foi a única vez que isso aconteceu comigo. Mas agora estava claro quem estava por trás desses incidentes. Mesmo se ela fosse inocente e alguma de suas capangas tivesse feito aquilo, era óbvio que a Lisette era a mandante só pela expressão no rosto dela. Ela não era amiga, e nem iria ser. Eu tinha que fazer alguma coisa.
—Encarar na alma dela. {+Caos}
—Pegar ela. {+Caos}
—Levantar e se afastar. {+Ordem}
Eu encarei a Lisette, sentindo fiapos de ar e magia correr pelas minhas veias e minha pele. Mas parei pelo que vi. Ao redor da Lisette havia uma aura roxa e escura que parecia muito familiar. Era como a magia demoníaca, mas parecia ser mais controlada. Fiquei de pé, coletando os meus pertences enquanto continuava a encarar a Lisette. Algo estava errado. Enquanto eu continuava a olhá-la, a aura cresceu, formando uma sombra atrás da Lisette com olhos vermelhos brilhando em sua escuridão.
Suzu: Anderson, você tá bem?
Mika: …
Não consegui responder. Eu estava hipnotizada por um pequeno cantarolar no ar. Era distante, quase como um sussurro etéreo que ouviria em jogos de terror, mas era real. Parecia vagamente com uma mulher, cantarolando um tom que não reconheci.
Naomi: Ei, você está bem?
Mika: Vamos embora. A gente vai se atrasar pra aula.
De repente, senti a necessidade de me afastar, então o fiz. A Naomi e a Suzu se atrapalharam pra me alcançar e seguir o meu novo ritmo apressado.
Suzu: Caramba, Anderson! Parece que você viu um fantasma!
Naomi: Você está bem mesmo? Aquela queda foi bem feia.
Suzu: Acho que ela olhou por debaixo da cara cheia de maquiagem da Lisette e viu o próprio Diabo.
Naomi: Ai, Suzu, silêncio!
Mika: …
Não. Tinha algo errado com a Lisette. Era algo além de sua maldade. Havia algo… ou alguém… vigiando a Lisette. Ou… Estavam me vigiando por trás da Lisette… O que estavam fazendo eu não sabia, mas era demoníaco com certeza. Surpreendentemente, o resto do dia escolar acabou sem nenhum outro incidente. Fui para as minhas aulas, almocei e estava louca pra ir pra casa. Assim que o sino tocou para o fim das aulas, senti o meu celular vibrar no meu bolso.
Mika: Hein? Uma mensagem…? Do papai??
“Pegarei você hoje. Certifique-se de estar pronta para sair quando eu chegar aí.”
Mika: Isso é… meio que uma surpresa.
Rapidamente voltei pro meu armário e peguei as minhas coisas antes de esperar pela Naomi e pela Suzu.
Naomi: Ei! Está pronta pra ir?
Mika: Na verdade, meu pai está vindo me pegar.
Suzu: Sério? Tá certo. Acho que isso meio que faz sentido.
Naomi: Vamos dirigir pra casa juntas na próxima vez! Diga ao seu pai que você tem a nossa carona a partir de agora!
Mika: É, haha! Certo.
Até enquanto eu ria, alguma coisa não parecia certa. Meu pai me enviou uma mensagem pra falar aquilo? Por que viria me buscar? Eu tinha feito alguma coisa errada? Não sabia. Acenei um tchau pra Naomi e pra Suzu antes de caminhar para o lugar habitual que o meu pai sempre me pegava. Sem pressa, eu ouvi música enquanto esperava.
Mika: Preciso ir pra outro show do Rise of the Phoenix…
Eventualmente, eu tinha tocado o álbum inteiro sem que ninguém aparecesse.
Mika: Mas que coisa… O papai nunca se atrasa. Especialmente não TANTO assim…
Liguei pro número do meu pai de novo, mas assim que eu apertei o botão de chamada, desconectou e li uma mensagem de erro de desconexão de sinal.
Mika: Mas que… Erro de nenhum sinal? Como eu não tenho sinal?
Chequei novamente o meu celular e vi todas as cinco barras de sinal.
Mika: Ele deve estar numa zona mor—
Antes que eu pudesse terminar, um grupo de mãos agarraram as minhas mãos e pés e cobriram a minha boca. Eu gritei com a mão na minha boca, me debatendo pra me afastar das mãos que agarravam os meus membros. Era nojento e assustador sentir as mãos deles em mim; eu precisava que aquilo parasse.
???: EI! Não sujem a presa do Malix.
A voz, que mandou um arrepio apavorado pela minha coluna, sussurrou na minha orelha.
???: Você vem comigo, senhorita Anderson.
Não consegui analisar o que estava acontecendo, mas antes que eu soubesse, me vendaram e meus membros foram amarrados. Fui carregada para algum lugar e me jogaram em algo que ecoou o interior de um ônibus ou uma van. As portas se fecharam e eu fui levada, incerta pra onde estava indo e por quê. Tudo que eu sabia era que estava em apuros. Tudo que vi foi a escuridão. Senti-me dormente enquanto era levada pra algum lugar que não conhecia. Não conseguia nem mover os meus lábios pra gritar. Sons passaram pelas minhas orelhas; primeiro do interior de um carro, para o lado de fora, para um lugar com eco e sussurros e cacarejos de pessoas vibrando através daquilo. Mas o pano nos meus olhos foi removido do meu rosto e minhas amarras foram cortadas. Levou um tempo pros meus olhos se ajustarem, mas eu estava num armazém, cercada por diabos, incluindo o Malix que estava me dando um sorriso afetado.
Malix: Muito bem feito, hahaha! Tenho certeza de que aqueles merdinhas vão vir correndo pra te encontrar quando perceberem que você não voltou pra tua preciosa mansãozinha. Eles vão te procurar em todo lugar!
O Malix se aproximou e colocou o cano de sua arma contra a pele entre os meus olhos.
Malix: Vai ser tão engraçado quando encontrarem o teu cadáver.
—Espere. {+Final Ruim do Malix}
—LUTE!
—Zecaeru! {+Matthew}
Mika: ZECAERU!!!
De repente, uma luz roxa e brilhante engoliu o lugar, fazendo os diabos ao meu redor se cobrirem.
Malix: MAS O QUÊ!?!?
???: NGNN!!
Rajadas de vento passaram rápido por mim, quase me forçando pra trás. Cobri o meu rosto com os meus braços, resistindo e mantendo minha posição. Tentei espiar pelos meus braços para ver o que estava acontecendo, mas a luz continuou a brilhar intensamente. Quando a rajada lentamente parou, a luz começou a desaparecer, revelando o Matthew com as suas mãos enfiadas nos bolsos e o capuz levantado.
Mika: Matthew…
Matthew: …
O Malix tirou devagar os seus braços do rosto, enxergando o Matthew antes de rir histericamente.
Malix: TÁ BRINCANDO COMIGO?! VOCÊ INVOCOU O MERDINHA DO BEBÊ CHORÃO?!
Mas a risada de Malix foi cortada, impedida pela sua arfada de dor e o barulho de algo se afundando na carne. Não podia acreditar, mas de algum jeito, uma faca se enfiou no ombro do Malix, fazendo-o agarrar seu ombro em dor.
Malix: Mas que inferno… Uma faca?
Matthew: Na próxima, não vou errar a sua garganta.
O Malix rosnou antes de arrancar a faca do seu ombro e jogá-la no chão. Ele rapidamente levantou sua arma e atirou no Matthew, mas só encarou o seu alvo de olhos arregalados. No meio do ar, uma faca e a bala do Malix colidiram e caíram no chão entre o demônio e o diabo. O Matthew deu uma risadinha e tirou uma mão dos seus bolsos, revelando um punhado de facas espalhadas como um leque.
Matthew: Lento demais, Malix. Ser um velhote deve ser irritante.
O Malix ficou furioso, avançando no Matthew enquanto atirava rodadas no rosto sombreado do Matthew. Matthew o imitou, afastando-se pra trás e lançando suas facas em cada um dos tiros do Malix. Cada tiro foi impedido por uma faca voadora, fazendo múltiplos “clinks” baterem no ar. Os outros diabos encaravam, tentando adivinhar o que fazer: ajudar o Malix ou observar em silêncio. Mas a Eris veio ao meu lado e cruzou os braços enquanto assistia com um sorrisinho entretido no rosto. Assim que o Matthew recuou até a parede distante, ele parou, lançando faca atrás de faca no diabo que se aproximava e nas suas balas.
Malix: Te peguei, sua ABERRAÇÃO de circo lançadora de facas!!
Eu vi um sorrisinho crescer no rosto do Matthew antes dele pular e girar por cima do Malix. O diabo derrapou até parar, quase se esbarrando contra a parede de tijolos. Mas o Matthew não deu ao Malix uma chance de se virar antes de atirar múltiplas facas nas costas do Malix.
Malix: GRAHH!!
Matthew: Tchauzinho, Malix.
O Matthew jogou uma faca no ar e pegou antes de jogá-la na parte de trás da cabeça do Malix. A faca, infelizmente, não encontrou seu alvo porque o Malix desviou e virou pra encarar o Matthew com uma expressão de pura fúria.
Malix: Seu merdinha… Tu acha que é tudo isso?
O Matthew tirou outra faca e jogou-a para cima e para baixo em sua mão, imperturbável em sua expressão incrível, quase brincalhona.
Matthew: Um fatozinho conhecido: eu só gosto de me divertir.
Malix: Que monte de merda, Matthew. Tu nem vai lutar comigo na tua forma demoníaca. Por quê? Tá com medo que eu vou te matar igual a merda de demônio que tu é?
Forma demoníaca? Não entendi. Mas o Matthew quebrou meus pensamentos.
Matthew: Ei… Se importa de fechar os olhos pra mim?
Mika: Hein?
Malix: O que tu tá tagarelando?!
Antes que eu pudesse responder, a tensão passou de morna pra quase congelante. Então, naquele momento… Alguma coisa no ar mudou. O ar passou de frenético pra parado na energia. Poderia ser descrito em tons quando a cor vermelha se transformava numa mistura mortal de roxo e azul e tudo começava a se misturar.
Matthew: Foi você que pediu, Malix. Agora vai ter que engolir.
Mas os meus olhos nunca se desviaram do rosto de Matthew, até quando ele mudou. Os olhos dele começaram a brilhar numa forte cor dourada enquanto um círculo azul-escuro se formou debaixo dos pés descalços do Matthew. Observei enquanto a pele do Matthew começou a se transformar, mudando de humano pra algo diferente. Por alguma razão, eu estava com medo e muito intrigada de ver sua nova forma. Mas antes que eu pudesse ver a nova forma do Matthew, duas mãos rapidamente cobriram meus olhos. Por instinto, eu as agarrei, tentando afastá-las. Uma voz me impediu.
Damien: Sou eu. Não olhe.
Ouvi com cuidado e deixei as duas últimas palavras permanecerem na minha cabeça. “Não olhe”. Por quê? O que estavam escondendo de mim? Eu queria saber, mas algo me disse pra obedecer a ordem do Damien. De repente, ouvi tiros, deixando-me tensa, mas então ouvi o som de múltiplas punhaladas, seguidas pelos gritos de dor do Malix. O esfaqueamento e os sons molhados de sangue e carne ficaram mais frenéticos e frequentes. Quantas facas o Matthew estava usando? Talvez fosse melhor que eu não conseguisse enxergar.
James: Matthew! Já basta!!
Quase que imediatamente após o comando de James, os sons pararam. A única coisa que qualquer um conseguia ouvir era o gotejo de sangue.
Matthew: Acho que exagerei um pouquinho, né…?
Erik: O Malix está morto, certamente, mas você perdeu seu feitiço de glamour.
Feitiço de glamour? Como assim? Por que o Matthew falava tão diferente? Por que estavam escondendo isso de mim?
Damien: É um feitiço que nos faz parecer humanos.
Eu congelei. Parecer humano? Eles não tinham formas humanas, então? Como eles se pareciam?
Damien: Como demônios.
Como se o Erik soubesse do que o Damien estava falando, o Erik limpou sua garganta e falou, seguido do som de uma rolha estourando pra fora de uma garrafa.
Erik: Bem, não por muito tempo, princesa. Aqui, Matthew.
Matthew: Ah, olha! Você encontrou a minha poção. Obrigado.
Consegui ouvir o pequeno tilintar de vidro trocando de mãos antes de ouvir o Matthew engolir algum tipo de líquido. A sensação do ar ao meu redor gentilmente começou a aquecer, insinuando que tudo estava voltando ao normal. Finalmente, o Damien tirou suas mãos dos meus olhos, permitindo-me enxergar meus arredores mais uma vez. Os diabos, incluindo a Eris, tinham escapado. Por cima do corpo do Malix havia um lençol sujo que estava ficando vermelho de sangue. A parede atrás dele estava pintada de vermelho-sangue, ainda pingando no chão e no pano. O pano parecia estar cobrindo um monte de sujeira ao invés de um corpo… Mas os rapazes tinham se reunido ao meu redor; todos eles, inclusive o Matthew, agiam como se nada tivesse acontecido.
Mika: O qu… O que acabou de…
Eu tentei falar, mas tudo se passou na minha cabeça e senti que falar não fosse possível.
James: Vamos levá-la para casa, senhorita. Não há mais nada para se ver aqui.
Só conseguir assentir. O ocorrido confundiu minha cabeça ao ponto de descrença. Eu estava duvidando de tudo, perdida num mar cheio de 'o que' e 'como' e 'quando'. Quando saímos do armazém, olhei pro Matthew pra receber algum sinal de que eu não estava sonhando. O Matthew esfregou a parte de trás do seu pescoço, andando em frente pra fugir do que tinha acontecido. Aquilo tinha acabado. O Malix morreu e os rapazes finalmente estavam seguros. Uma onda de alívio passou pelo meu corpo ao pensar que eu nunca teria que lidar com aquele grupo novamente. Ao mesmo tempo, um toque de realização atingiu a parte traseira da minha cabeça. Os rapazes só ficariam até o Malix ser derrotado. Aquele era o nosso acordo. Enquanto nos aproximávamos da mansão, senti algo pesado no meu coração. Era tarde, mas os rapazes me guiaram para dentro e ligaram as luzes da entrada.
Matthew: Finalmente! Nós podemos relaxar!
Erik: Será bom descansar sem os diabos respirando em nossos pescoços.
Sam: Afe… Eu só tô cansado. Posso ir pra cama cedo?
James: Acho que dormir um pouco seria bom para todos nós.
Damien: …
Olhei para Damien, sabendo que ele poderia ler a minha mente, e franzi a testa. Eu não queria que ele soubesse dos meus pensamentos sobre essa situação.
Mika: É. Ir pra cama parece bom.
Eu só queria dar um fim a essa noite. Muita coisa aconteceu e fiquei tonta só de tentar entender; mas o Damien se pronunciou, parando a todos.
Damien: Devemos ir embora pela manhã?
O ar ficou paralisado com tensão. A realização da situação atingiu os rapazes como uma onda, forçando-os a virar pra mim em curiosidade. Eles tinham se lembrando do acordo e agora estavam esperando que eu decidisse o seu destino. Engoli em seco, cara a cara com a realidade. Os rapazes estavam deixando aquilo pra mim. Pareciam dispostos a aceitar qualquer coisa que eu exigisse. Mas era justo, depois de tudo que tinha acontecido. Eu olhei pro Matthew, sentindo meu coração palpitar no meu peito. Eu não queria que ele fosse embora, mas ele iria pedir pra ficar? Esperava que ele recusasse e me pedisse pra ficar mais tempo. Como se ele soubesse o que eu queria, o Matthew se moveu e veio até mim, pegando as minhas mãos nas suas. Ele sorriu para mim gentilmente e falou.
Matthew: Eu quero que você saiba que foi MUITO generosa com a gente e quero te agradecer de montão por nos deixar ficar aqui… Mas… Tudo bem se a gente ficar aqui mais um pouquinho?
Meu coração pulou enquanto um grande rubor vermelho correu pelas minhas bochechas. Os rapazes observaram de olhos arregalados, mas não ousaram dar um piu. O Matthew se afastou pra me dar espaço, retornando pra sua posição. Passei o meu olhar para cada rapaz, tentando tomar uma decisão. Se eles fossem embora pela manhã, eu nunca os veria novamente e minha vida poderia retornar ao normal. Se decidisse deixá-los ir embora, seria melhor. Sem adeus, sem atrasos. Mas… Eu queria? Eles fizeram tanta coisa por mim em tão pouco tempo…
—Deixá-los ir embora.
—Deixá-los ficar.
Eu queria que eles ficassem. Eu queria que ELE ficasse. Simplesmente sorri, encarando o homem por quem criei sentimentos, antes de finalmente me pronunciar.
Mika: Eu adoraria se vocês pudessem ficar.
Os rapazes comemoraram em cansaço, mas não com menos entusiasmo. Dei uma risadinha ao ver. Era adorável ver todos eles tão felizes, apesar do cansaço que havia igualmente nos nossos corpos. Hoje foi um dia difícil.
Mika: Minha casa é sua casa enquanto ainda ajudarem com as tarefas!
Os rapazes assentiram em uníssono, concordando com os termos que defini para eles. Apesar da boa situação, senti que estava lentamente ficando inconsciente. Mas o James bateu suas mãos, atraindo a atenção de todos e me acordando, garantindo que não desmaiei.
James: Certo, pessoal. Estamos todos muito cansados, então vamos direto para cama, sim?
Matthew: Ah! Ahã, dormir é importante. Certo.
Erik: Tivemos um dia muito longo, mas será bom somente relaxar esta noite e amanhã.
Damien: Dormir parece tão bom agora…
Sam: É, mano.
Observei um sorriso feliz surgir nos lábios do Matthew. Ele compartilhava da minha felicidade, sabendo que iríamos passar mais tempo juntos. Quem sabe quanto tempo poderíamos ficar juntos? Tudo que me importava era que eu estaria com ele. Os outros saíram pra finalmente descansar, deixando o Matthew e eu sozinhos. Meu coração palpitou um pouco quando o Matthew veio saltitando de felicidade até mim. Era muito fofo vê-lo daquele jeito, então não fiz nada além de sorrir.
Matthew: Muito obrigado por deixar a gente ficar.
Mika: Imagina, Matthew. Tô feliz que você esteja aqui.
Observei o seu sorriso brilhar mais um pouco antes dele limpar sua garganta e rir um pouquinho. Não sabia se era o cansaço ou meu apego crescente a ele, mas me senti cambalear. Mas o rosto do Matthew deixou claro que ele queria falar mais alguma coisa, me fazendo esquecer que a minha cama também estava me chamando.
Matthew: Escuta… Sobre o que aconteceu no armazém—
Mika: Não. Tá tudo bem. Você fez o que tinha que ser feito. Eu entendo.
Eu tinha aceitado todo o ocorrido e sabia que o Matthew tinha que fazer o necessário. Ele era verdadeiro e eu não queria ficar sem ele, mesmo que isso significasse rejeitar a minha curiosidade. Além disso, estava cansada demais pra explorar essa memória mais a fundo. O Matthew assentiu e ofereceu uma mão pra mim.
Matthew: Vem, então. Vamos te levar pra cama.
Assenti e o Matthew gentilmente me levantou em seus braços igual uma noiva e me carregou pro meu quarto. Não queria sair dos seus braços, inclinando a minha cabeça contra o peito do Matthew, mas eventualmente ele me abaixou na minha cama e me cobriu com os lençóis. Eu ainda estava usando as roupas do colégio, mas estava cansada demais pra me despir ou me importar. Olhei pro Matthew, segurando um bocejo enquanto ele gentilmente passava a mão no meu cabelo.
Matthew: Tenha uma boa noite, tá certo…? Vou fazer o café da manhã de novo amanhã.
Assenti com um sorriso cansado antes de observar ele se levantar e sair do meu quarto, fechando a porta. Uma onda de felicidade me inundou enquanto deitava na cama. Fiz uma boa escolha. Claro, seria difícil, mas podia dizer que conseguiria controlar. Receber ajuda para cuidar da residência e estar com o homem por quem eu estava começando a me apaixonar valeria a pena. Senti minha exaustão tomar conta. Deixei o sono me consumir enquanto afundei na escuridão da minha mente. Tudo estava calmo… Eu estava feliz…
???: Hahaha~ Você é uma criatura interessante…
Esse é o fim da parte 6. Até a próxima, pessoal! 😙
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