Seduce Me: Matthew (parte 8)

Oi oi, pessoal! Crys-chan voltou com mais Seduce Me! Espero que gostem! 😬


Evitei falar da “carona” pra casa ontem, dizendo que foi uma coisa única.

Mika: Vou pegar carona com vocês de agora em diante pra ir e vir do colégio.

As garotas ficaram muito felizes. Nós entramos na escola, rapidamente juntamos nossas coisas dos nossos armários e fomos pra sala. Não aconteceu nada, pra nossa surpresa. A História não era muito divertida, mas o nosso professor era ótimo. Pelo menos, seria ótimo se ele estivesse na sala naquele dia. A Naomi e Suzu pegaram seus assentos ao meu redor—Suzu na minha frente, a Naomi ao meu lado—antes do sino da aula tocar e a classe foi cumprimentada pela reitora.

Reitora: Estudantes. Vocês terão um substituto para a aula hoje. Todos conheçam—

Diana: Senhorita Diana.

Meu coração parou. Na porta com a reitora estava a Diana, olhando pros estudantes e dando um sorrisinho quando os seus olhos pousaram em mim. Ela rebolou até a mesa do professor, ignorando (ou adorando) os sussurros dos outros estudantes, antes de sentar na madeira e cruzar as pernas.

Diana: Obrigada, Reitora. Você pode sair agora.

Com um aceno de mão da Diana, a reitora saiu da sala de aula, fechou a porta e deixou a área. A Diana sorriu pra gente, fazendo o meu estômago revirar. O que ela vai fazer?

Diana: Então, História. História, história, história. Uma coisa tão boba, não é? Quero dizer, o que nos importamos com o passado? Nós estamos no presente!

O resto da classe, incluindo a Naomi e a Suzu, assentiu pra concordar, incertos sobre essa nova “professora”, mas querendo ouvir mais do que ela tinha a dizer.

Diana: O presente é tão cheio de coisas maravilhosas! Enquanto os trabalhos do passado são as razões de que temos tantas coisas, é a nossa chance e o nosso privilégio de utilizar o que nos foi dado!

Seu charme era quase infeccioso; a turma estava praticamente começando a comer na mão dela. Olhei ao redor pra ver os colegas de sala sorrindo e concordando com a Diana. Eu pressionei meus lábios juntos enquanto ouvia mais. Não tinha escolha.

Diana: O que é mais engraçado sobre os seres humanos é que alguns pedaços de “história” que nós ouvimos ou são inventados, ou completamente influenciados para um único lado! É como uma história que você ouve quando criança! Você ouve sobre a princesa e o príncipe, e eles vivem felizes para sempre, mas e a família que ela deixou para trás? E os seus amigos?

Os estudantes ouviram e concordaram atentamente com suas palavras. Mas eu percebi que aquelas palavras foram direcionadas para mim.

Diana: A história original da Pequena Sereia! Um exemplo perfeito de uma opinião influenciada. Aqui temos uma garota que pensa que pode ficar com o príncipe, mas esse príncipe tem que se casar com uma princesa! O que poderia acontecer se a sereia conseguisse? O que faz da sereia tão importante que a princesa tem que sofrer as consequências?

—Ficar quieta.

—Não importa o que acontece com a princesa.

O resto da classe viraram suas cabeças para mim. A Naomi e a Suzu olharam para mim com expressões igualmente surpresas. Eu mantive meus olhos em Diana. Se eu fosse a sereia, não iria deixar que a princesa levasse o meu príncipe embora. A Diana me encarou antes de sorrir e virar o seu corpo para ficar de frente pra mim.

Diana: É? E por que não importa?

Mika: A história não é sobre a princesa. A história é sobre a sereia e o príncipe.

Diana: Ah, mas esse é EXATAMENTE meu argumento! Enquanto a história conta o “romance” da sereia e do príncipe, nós não vemos os problemas do reino que o príncipe governa! Enquanto estamos todos concentrados nessa história de amor, nós ignoramos o fato de que o reino desmoronaria sem o casamento entre o príncipe e a princesa.

Ela manteve seus olhos em mim enquanto falava. Eu sabia que ela queria fazer suas palavras grudarem na minha mente, mas não ouvi. Era uma coisa ser uma história fictícia; era outra tentar arruinar a vida de alguém por egoísmo. A Diana riu e olhou de volta pra turma.

Diana: Bem, felizmente, na história verdadeira da Pequena Sereia, a sereia sabia que o que estava fazendo era errado e se jogou no oceano, virando espuma do mar.

Alguns dos estudantes que me cercavam murmuraram em surpresa, obviamente não conheciam a história verdadeira. Mas a Diana estava errada mais uma vez.

—…

—Isso não é verdade.

Mais uma vez, a classe me olhou e a Diana ficou de frente para mim com outro sorriso.

Diana: Não é verdade? Como assim?

Mika: A troca para se tornar humana foi casar com o príncipe ou se tornar espuma do mar. Ela também recebeu a escolha de matar o príncipe e voltar a ser sereia. A sereia não fez aquilo porque ela o amava e se sacrificou por esse amor. Essa é a história que vale a pena ser contada. Não sobre alguma princesa fazendo o que quer, mas sobre uma tragédia que recaiu a uma garota que só queria amor.

A turma me aplaudiu com a Suzu me dando seu soco em meu ombro habitual e a Naomi sorrindo pela minha lógica. Mas a Diana finalmente me mostrou uma expressão quase irritada.

Diana: Interessante. Então, o que você está dizendo é que a princesa não merece nenhuma atenção?

Mika: A história não é sobre a princesa. A história é sobre a sereia, e a sereia DEVERIA ter ficado com o príncipe.

Diana: Mesmo com o risco da ruína do reino?

Mika: Mesmo se o mundo inteiro for arruinado ao redor deles. O dever não sobrepõe o amor e a princesa precisa perceber isso.

Os aplausos que seguiram se intensificaram com gritos. Senti uma onda de confiança que rolou por meu corpo. A Diana não ia vencer. Não vou deixá-la. Então, a Diana parou de falar e olhou pro relógio na parede, lendo-o rapidamente. A aula mal tinha começado. Por que ela estava olhando pra hora? A Diana se inclinou contra o quadro-negro e sorriu pra turma. Eu fiquei preocupada.

Diana: Sabe de uma coisa? A escola não é importante. Todos vocês, vão em frente e voltem para casa. Tomem a semana de folga.

Os estudantes começaram a conversar alegremente ou em confusão pela situação. Vários pensaram que era um sonho sendo realizado. Outros sabiam melhor. Mas antes que qualquer um pudesse protestar, a Diana pressionou um dedo contra os lábios e contou regressivamente com seus dados no ar. Três. Dois. Um. Os alto-falantes da sala de aula ligaram, dando-nos um anúncio que nunca iríamos acreditar.

Interfone: Atenção, estudantes: devido a uma reunião de emergência do corpo docente, nós estaremos fechando a escola pelo resto do dia e a semana inteira. Por favor, deixem a escola rápida e silenciosamente e tenham um ótimo resto de semana.

Ela usou seus poderes neles. Droga. Senti a necessidade de impedi-la, mas como eu iria impedir um demônio no meio de uma área pública? A Diana sorriu e gesticulou pra porta.

Diana: Tenham uma ótima semana de folga! A escola voltará na semana que vem!

Muitos dos estudantes saíram, conversando entre si sobre seus novos planos improvisados. A Suzu estava super feliz, mas a Naomi estava hesitante. Mas antes que pudéssemos nos preparar e ir embora, Diana se aproximou de nós.

Diana: Com licença, mocinha. Eu gostaria que você ficasse mais um pouco. Há algo que nós precisamos discutir.

Assim que a Diana olhou pra Suzu e pra Naomi, ela estalou seus dedos, fazendo as minhas amigas ficarem tensas.

Diana: Vocês duas podem ir para casa. Não se preocupem com sua amiga até semana que vem, certo? Se vocês entrarem em contato, ela não vai responder, então não se incomodem. Se ela entrar em contato com vocês, ignorem-na porque ela está ótima.

Como que sob ordens, a Suzu e a Naomi saíram da sala. Tentei segui-las, mas a Diana entrou no meu caminho, avisando-me com seus olhos que se eu as seguisse, seria um inferno pra pagar. Eu tinha perdido as minhas duas amigas, pelo menos por aquela semana. A Diana e eu estávamos sozinhas, igual ela queria. Bati minhas mãos na mesa à minha frente e encarei a Diana.

Mika: O que você está fazendo e o que está pensando?!

Diana: Quê? Eu não faço uma boa professora? Eu percebi que você deveria receber uma pequena lição, então tomei os problemas nas minhas próprias mãos.

Mika: O que for que você esteja tentando fazer não vai funcionar.

Diana: Você pensa assim mesmo, querida? E o que lhe torna tão certeira?

O que estava me deixando tão certeira? Por que eu estava confiante? Os rapazes valiam a pena? Meus pensamentos começaram a se encher de dúvidas. Todas as incertezas dessa provação começaram a nublar minha mente. Se os rapazes fossem descobertos, seria um inferno. Aquilo valia a pena? E a Diana? O que ela faria comigo? Ela faria os meus pais se esquecerem de mim? Ela arruinaria as vidas das minhas amigas por despeito? No meu âmago, senti a pedra da confiança tentar revidar, mas o peso dos meus pensamentos começou a dissolver aquela pedra pouco a pouco. O que estava acontecendo comigo? Olhei pra Diana mais uma vez pra ver seu olhar perfurando os meus olhos. Ela estava usando os poderes dela em mim. Dessa vez, eu estava longe de casa, então não poderia escapar. Ou… poderia? Eu queria? O jeito que ela me encarou me fez sentir quente e estranha dentro do meu peito. Senti como se estivesse derretendo. A Diana levou uma mão sob meu queixo e correu seu polegar sobre os meus lábios, lambendo seus próprios. Consegui sentir pequenos jatos de energia se movendo debaixo da minha pele até o meu queixo onde ela me segurava.

Diana: Agora, vamos ter uma provinha dessa energia sexual doce e virgem…

Eu assisti enquanto ela se inclinava, pronta para me beijar e pegar minha energia. Metade do meu corpo sentiu euforia pela ideia. A outra metade completamente rejeitou-a e não queria que ela sequer me tocasse.

Mika: M-Matthew…

De repente, Diana parou em sua ação.

Diana: Matthew? Quem é…

Então, caiu a ficha pra ela.

Diana: Ahhh… um dos rapazes… Por que você não me diz qual dos rapazes é o “Matthew”?

Eu senti o meu corpo concordar.

Mika: O-o quarto…

Diana riu em resposta antes de soltar meu rosto e recuar.

Diana: Sério? A criança? Com você?

Eu assenti mais uma vez, mas dessa vez era parcialmente minha própria decisão pra responder. A Diana soltou um som que imitava o ronronar de um gato antes de se afastar de mim.

Diana: Certo, então. Bem. Se é pelo quarto filho que você está apaixonada, você deveria seriamente repensar as suas opções românticas~

Diana riu antes de beijar o meu nariz, onde senti um jato de energia sair do meu corpo, quase me deixando tonta. A Diana virou pra mesa e sentou na madeira, cruzando as pernas.

Diana: Você pode sair, agora. Lembre-se, não há aulas pelo resto da semana~

Mika: E como eu deveria ir pra casa? Minhas duas amigas me deixaram aqui graças a você.

Diana: Ah, elas eram a sua carona? Hehehehe, minhas desculpas. Deixe-me ajudar, então.

A Diana levantou sua mão e estalou seus dedos. Senti o chão afundar debaixo de mim, forçando-me a olhar para baixo. Um pentagrama roxo cercou os meus pés, me puxando pro chão.

Mika: O-O-Opa!!!

Mas antes que eu pudesse lutar, afundei totalmente no chão, desaparecendo na escuridão e fechando meus olhos. Assim que os abri, senti meus lençóis de seda ao meu redor, aliviando minha ansiedade da escuridão que antes tinha me cercado.

Mika: Qu… quê…?

Por que a Diana me trouxe pra casa? Aquilo era uma ilusão? Eu estava sendo enganada? Algo estava acontecendo. Sentei na cama, olhando ao meu redor. Eu estava mesmo no meu quarto. Não houve engano. Por quê?

Mika: A Diana… é muito estranha…

Aquilo era um jogo? Era parte do plano dela de levar os rapazes de volta? Eu estava mais perdida e confusa do que nunca, apesar do meu pensamento lógico tentando montar o quebra-cabeça que é a Diana. Quanto mais eu tentava resolvê-la, menos entendia sobre a situação em que estava. Mas fui interrompida pela minha porta abrindo de repente, revelando os rapazes com a mão de Damien na maçaneta.

James: Senhorita, o que você está fazendo aqui??

Erik: Você não deveria estar na escola?

Eu franzi minhas sobrancelhas e encarei o Damien, pedindo-o para responder às perguntas deles através dos meus pensamentos.

Damien: Diana a mandou de volta para cá. Ela invadiu a escola dela e mandou todos os estudantes para casa.

Sam: O que essa puta tá querendo?? Sério! Essa Diana tá brincando por motivo nenhum!

Matthew: Talvez isso seja parte do plano dela…

Os rapazes continuaram a discutir sobre a Diana, alimentando uma curiosidade quase ciumenta em mim. O Damien pareceu estar muito fundo na conversa para perceber os meus pensamentos, pra ele nem sequer parar de falar ao lado dos seus irmãos. Por que a Diana estava atrás deles? Por que ela queria levá-los de volta? O que era tão importante nos rapazes que ela viajaria pro mundo dos humanos para buscá-los? O que estava acontecendo? Decidi que já era o suficiente. Eu precisava de respostas.

Mika: EI!!

Os rapazes pararam de discutir, encarando-me com surpresa. Segurei minhas mãos em punhos no meu colo, reunindo a coragem pra continuar a falar apesar do meu grito abrupto.

Mika: Por que a Diana está aqui? Por que ela quer levar todos vocês de volta? Do que exatamente vocês fugiram? Por que vocês fugiram?

James: Senhorita, nós—

Mika: Não me venha com “senhorita”! Por favor! Eu preciso saber o que está acontecendo. Não serei deixada no escuro sobre isso. Quero saber o que estou enfrentando.

Os rapazes olharam um ao outro, incertos do que responder. Finalmente, o Sam empurrou o Damien na direção da cama, fazendo-o cair e pousar em seus joelhos com o seu torso sobre a borda do colchão.

Sam: Damien. Faz aquela coisa.

Mika: Aquela coisa? Que coisa?

Erik: Sam, você não está sugerindo—

Sam: Por que não? Ela merece saber de tudo. Especialmente se a Diana acha que ela é um alvo.

Matthew: O Sam tá certo.

James: Eu acho que não temos escolha, então.

Eu estava ficando confusa. O que o Damien faria? O Damien se levantou antes de subir na cama comigo, sentado de joelhos na minha frente.

Damien: Nós vamos te mostrar tudo. Você tem que confiar em mim, está bem? Quando você parar de confiar em mim, a visão vai parar.

Mika: Visão?

Matthew: Vai ficar tudo bem. Confia nele.

Eu olhei pro Matthew, incerta do que estava acontecendo, mas assenti. Se aquela era a única forma de aprender, então era minha chance de descobrir. O Damien colocou suas mãos em cada lado da minha cabeça, gentilmente pressionando seus polegares na pele acima das minhas sobrancelhas. Só pude encarar o Damien enquanto seus olhos começaram a brilhar dourado e a energia começar a ser empurrada pra fora de mim e forçada pra minha cabeça. Em segundos, minha visão escureceu mais uma vez. Eu estava incerta do que Damien estava fazendo, mas logo formas e texturas lentamente começaram a aparecer ao meu redor. Eu estava sentada num chão de pedras no centro do que parecia uma sala do trono de um filme de fantasia.

Mika: Onde estou…?

Olhei pra mim mesma e vi o meu corpo translúcido igual ao de um fantasma.

Mika: UAU!!

Eu pulei e inspecionei minhas mãos num pânico repentino. Eu estava transparente! Por quê? O que estava acontecendo?

???: Como eles ousam tentar negociar comigo?! Eles não sabem com quem estão falando?!

Eu arfei e corri pra trás de um pilar próximo, longe daquela voz. O som de sua raiva e suas palavras apavorou cada osso em meu corpo, transformando-me numa criança assustada.

???2: Meu lorde, por favor tenha calma…

???1: CALMA?! Eles estão simplesmente testando a minha decisão! Eu estou quase resolvendo enviar os meus maiores exércitos para tomar o que deveria ser meu! Eles são meros insetos no caminho da expansão do meu reino!

???2: Eles simplesmente pediram uma união por casamento.

???1: Então eu tenho que me curvar a eles e compartilhar as minhas terras, que conquistei tão justamente?!

Eu espiei por detrás do pilar para ver um grande demônio, coberto de roupas reais, mas musculoso o suficiente para ser um comandante militar. Sua raiva praticamente emanava de seu corpo enquanto ele rosnava para seu servo.

Servo Demônio: Eles estão dispostos a dar a terra deles a você, majestade! Tudo o que pedem é que um de seus filhos se case com a filha deles, que devo acrescentar, é belíssima!

Lorde Demônio: Isso é ridículo! Para sugerir que eu preciso da aprovação deles para tomar sua terra é além de insanidade. O que faz eles pensarem que eu me importo com sua preciosa filha?

Servo Demônio: Eu mencionei que ela é um prodígio de nossa raça, majestade?

Lorde Demônio: Um “prodígio”?

Servo Demônio: Sim, meu lorde! Essa súcubo é mestre de suas habilidades em magia e manipulação mental. Dizem que ela varre exércitos com um estalar de seus dedos, apesar de ser tão jovem.

Lorde Demônio: Impossível!

Servo Demônio: Se fosse mesmo, majestade! Essa súcubo é perigosa, mas seria um grande trunfo se nós concordássemos com esse arranjo. A única razão que ela não consegue eliminar o senhor, meu lorde, é porque o senhor é o demônio mais forte das Planícies!

Lorde Demônio: Isso deveria mudar minha decisão?

Servo Demônio: Sim, meu lorde.

Lorde Demônio: Você está fazendo um terrível trabalho para me convencer…

Servo Demônio: Peço desculpas, majestade…

Fiquei perdida. Dava pra ver que eles estavam falando sobre a Diana, mas por quê?

???: Pai?

Eu rapidamente virei a cabeça pra ver outro demônio, que parecia uma criança, encarando um comandante demônio no trono.

Mika: Pai…?

Lorde Demônio: Ah. Raestrao. Você terminou seu treinamento?

???: Sim, pai.

Lorde Demônio: Então, o que você quer?

???: Quero ficar com os meus irmãos pelo resto do dia, pai.

O comandante demônio andou até o jovem demônio e agarrou o seu cabelo, levantando-o do chão e forçando-o a olhar para cima, ao seu rosnado. Mas o jovem demônio parecia imperturbável.

Lorde Demônio: Hm… arrogância. Por que eu deveria permitir que você ficasse com eles? Eu deveria lhe matar por sua falta de respeito a mim.

???: Porque eu quero ficar com eles, pai.

Só pude assistir enquanto o jovem demônio encarava o seu pai, apesar da diferença enorme entre eles. Esse jovem demônio parecia mais fraco e mais fácil de matar contra o comandante demônio. Aliás, por que esse homem mataria o seu filho? Esse comandante era tão cruel assim? Mas eu não estava esperando que ele risse e soltasse o jovem demônio.

Lorde Demônio: Ahahahahaha!! Bom! Assertivo até mesmo na frente do perigo. É por isso que você é o meu filho favorito.

Observei de olhos arregalados enquanto o comandante colocava uma mão no ombro do demônio.

Lorde Demônio: Muito bem. Vá. Amanhã, você me mostrará o seu treino.

O pequeno demônio sorriu largamente antes de sair correndo.

Lorde Demônio: …Eu estou pensando.

Servo Demônio: Sim, meu lorde?

Lorde Demônio: Qual é a idade dessa filha?

Servo Demônio: A mesma idade do seu… quinto filho, majestade.

Lorde Demônio: Você acredita que essa proposta vale a pena?

Servo Demônio: Sim, majestade…

Lorde Demônio: …Diga àqueles insetos que eles estão seguros por enquanto. Eu vou considerar a oferta deles.

Servo Demônio: Majestade?! Tem certeza?!

Lorde Demônio: Eu gaguejei? Agora, vá!

O servo demônio saiu correndo, mas assim que passou pelo pilar onde eu estava me escondendo, ele e o comandante desapareceram no ar.

Mika: M-Mas o quê?

O que tinha acontecido? Não tive tempo pra tentar entender antes que um demônio, que parecia ser da minha idade, entrou no cômodo lendo um livro.

Mika: Ele é…?

???2: Raestrao, seu nariz está enfiado nesses livros. Não vai levantar a cabeça deles de vez em quando?

Mika: Hein? Essa voz…

Eu circulei ao redor do pilar para ver um segundo demônio, inclinando-se contra outro pilar e sorrindo pro Raestrao.

???1: Você não deveria estar praticando o cravo com a sua mãe?

???2: Eu deveria, mas tive a sensação de que você estava em perigo.

???1: Em perigo? O que você—

???4: ATAQUE!!!

De repente, três sombras atravessaram o cômodo e esbarraram contra o Raestrao, forçando-o a cair no chão e derrubar o seu livro. Quando a visão clareou pra mim, lá havia outros três demônios numa pilha com o Raestrao embaixo.

???1: Sai! FORA!

???3: Sem chance! Você não teve descanso desses livros estúpidos há meses! É hora da PUNIÇÃO!

???4: Morte pela irmandade!

???5: Sem mais leitura!!

???2: Eu te disse que você estava em perigo.

De repente, eu soube quem eram aqueles demônios.

Mika: São os rapazes…

Até no mundo dos demônios, a sua conexão fraternal era espantosa. Eles eram versões mais jovens deles mesmos. Um dos demônios, que eu assumi ser o Matthew, pegou o livro do chão e o abriu, lendo de zoeira.

Matthew: Como você consegue ler isso, Raestrao?? É tudo sobre estratégia de guerra! É entediante!

James: Eu tenho que ler, Zecaeru—SAI! DE! CIMA!!

Sam: Só tem uma coisa que você precisa saber sobre estratégia: matar todos eles!! Sem prisioneiros!!

Erik: Você soa igual ao pai, hahaha!

Não pude evitar uma risada. Era adorável vê-los agindo tão infantilmente entre si. Eventualmente, o James conseguiu empurrar os seus irmãos de cima dele e levantar, limpando-se.

James: Vocês são todos imprudentes.

Sam: Pelo menos a gente se diverte!

Erik: É verdade. Você não fica conosco há semanas. Não acha que é hora de uma pausa?

Matthew: Tenho certeza de que o pai não vai se importar!

James: Mas… Eu tenho que—

Damien: Eu sei que você quer, Raestrao~

James: Droga… Eu—

Lorde Demônio: O que está acontecendo aqui?

Eu virei minha cabeça pra voz e vi o comandante, um pouco mais velho, encarando os rapazes com os braços cruzados no peito. O Damien correu e se escondeu atrás do Sam, espiando por cima do seu ombro pra ver o grande comandante.

James: Nada está acontecendo. Nós acabamos de passar um pelo outro.

Lorde Demônio: Então, por que o seu irmão está com seu livro?

James: Eu estava mostrando a ele o que estava aprendendo, Pai.

Lorde Demônio: …Retorne aos seus estudos, Raestrao. O resto de vocês, fora das minhas vistas. Não perturbem o seu irmão novamente.

Observei enquanto o James gentilmente pegou o seu livro e, sem olhar pros seus irmãos, retornou à leitura. O comandante passou pelos irmãos restantes, rosnando pro Sam e pro Damien, antes de sair do salão. O que estava acontecendo?

Erik: Não se preocupem com isso. Nós encontraremos um jeito de pegá-lo de volta.

Matthew: Não sei… ele tá numa coleira muito apertada…

Damien: …

Sam: Izroul, você tá quieto. Ouviu o quê?

Damien: Ele está indo para uma reunião de negociação… Ele vai arranjar um casamento.

Sam: Um casamento?? Pra quem???

Matthew: Deve ser pra algum de nós…

Damien: Ele não decidiu quem vai se casar com ela… É uma garota de um reino que ele quer tomar…

Erik: Mas isso é incaracterístico dele… Geralmente, ele apenas atacaria com os exércitos.

Sam: Qualquer que seja o caso, algum de nós vai se casar.

Matthew: Espero que não seja eu…

Damien: E o Raestrao? Ele é o mais velho…

Erik: Faria sentido… mas se uma súcubo se casar com algum de nós significa que ela vai estar casada com todos nós…

Matthew: Bem, o que devemos fazer?

Antes que a conversa pudesse continuar, os rapazes desapareceram no ar, evaporando em névoas de diferentes cores. Eles foram substituídos por um Damien e um Matthew mais velhos, sentados um com o outro no centro da sala do trono.

Matthew: Você acha que deveríamos?

Damien: Eu quero muito.

Matthew: Eu quero também… Mas vai ser difícil convencer o Raestrao, já que é ele que vai se casar e ele é o favorito…

Damien: Não sabemos disso, Zecaeru. Talvez resolvam que ela vai se casar com VOCÊ.

Matthew: Sem chance! Eu não quero me casar!

Sam: Não acho que você vai ter problemas com essa sua carinha de bebê.

Eu olhei e vi Sam se juntar à dupla, cruzando os braços e levantando uma sobrancelha aos seus irmãos.

Sam: O que vocês dois estão conversando?

Damien: Nós entramos em contato com o mundo dos humanos de novo.

Sam: Qual é, Izroul… você dá atenção demais pros humanos.

Matthew: Sem chance! Você tem que escutar! Aparentemente eles têm lojas e livros e escolas e tal!

Sam: E daí? Tá cheio de humanos que mijam uns nos outros por razão nenhuma. Não são melhores do que o broto dos diabos.

Matthew: Nem vem! Aquele que eu conversei não era assim!

Sam: Como você sabe, Zecaeru?!

Matthew: Porque eu sei!!

James: O que está acontecendo aqui?

Sam: Eles querem ir pro mundo dos humanos.

James: O mundo humano?

Matthew: Raestrao, pensa nisso! Você não vai ter mais que se casar com aquela garota e ser o herdeiro! Você poderia ficar com a gente e poderíamos viver nossas próprias vidas nesse novo mundo!

Sam: Agora você só tá falando bobagem!

Erik: Eu voto para que façamos isso.

Sam: Hein? Ah, tu também não!

Erik: Pense nisso. Essa pode ser a nossa chance de fugir dessa bobagem política a qual estamos presos. Nós podemos ser nobres, mas ainda somos nossos próprios seres.

James: …

Damien: O Raestrao está dentro.

James: O qu— Izroul!!

Matthew: Uhul!! Então, como a gente chega lá?

Sam: Tá brincando comigo? Tu nem sabe como vamos chegar lá?

Erik: Um simples feitiço deve funcionar, mas iria exigir alguém do mundo dos humanos para nos ajudar a chegar lá.

Matthew: A gente pode pedir pra ele!

Damien: Ah! Ele nos ajudaria com certeza!

James: Eu… Eu não tenho certeza sobre—

Erik: Raestrao. Você não está cansado de agradar o pai o tempo todo?

James: Estou, mas—

Erik: Se ficar, você se casará e se tornará regente do reino do pai. Você não terá tempo para si mesmo ou para nós e estará constantemente em guerra com os outros reinos pelo poder. Você provavelmente vai se tornar a imagem esculpida do pai.

James: …

Sam: O que ele tá falando é ‘tira a tua cabeça da bunda e vamos embora’! Se tu não falar que sim, vou carregar essa tua bunda principesca com a gente. Não ligo pro que aquele pai cretino quer.

Matthew: Vamos, Raestrao…

James: …Certo. Vamos fazer isso. Qual é o plano?

Não pude acreditar no que estava acontecendo. Eu estava assistindo ao passado da vida deles. Eles eram nobres e o James era o herdeiro do reino que o comandante reinava. Além disso, ele iria se casar com a Diana. Eles sacrificaram tudo para irem embora e ficarem juntos. Eles preferiam ser livres a continuar seus papéis nobres. Comecei a sentir um pouco de ciúmes; eles eram capazes de ir embora enquanto eu ainda deveria me tornar no que o meu pai queria que eu fosse. Como eles conseguiram ir embora ainda era incerto, mas eu sabia que iria descobrir com o tempo. Fechei meus olhos e mentalmente pedi ao Damien pra terminar a visão. Assim que pedi, o mundo ao meu redor lentamente desapareceu e voltei ao quarto onde estava sentada com a minha cabeça aninhada nas mãos do Damien. Minha visão começou a clarear, deixando-me enxergar os rapazes ao meu redor, todos com os rostos preocupados.

James: Então, agora você sabe exatamente quem nós somos…

Mika: A Diana é a garota que você foi arranjado pra casar?

Sam: Não mais. Quando nós fomos embora, o arranjo foi quebrado. Sem filhos pra casar, nosso pai não pôde seguir com o acordo de casamento.

Erik: Se a Diana está aqui por nós, significa que ela está tentando salvar o reino dela de ataques.

Damien: Isso não é verdade. Ela quer governar o nosso reino. Com algum de nós, ela terá direito ao nosso reino tanto quanto nós teremos direito ao reino dela.

Matthew: Então, ela é uma aproveitadora!

Erik: Bem, com um reino igual ao nosso, que súcubo não iria querer se casar conosco por ele?

Tudo fez sentido. Ela os queria pra finalmente conseguir tomar um reino inimigo. Ela sabia que, apesar de seus poderes, não seria capaz de lutar contra o pai deles, então teve que encontrar outra maneira.

Mika: Aquela manipuladora…

Antes que eu pudesse continuar, senti minha cabeça ficar pesada e tonta de repente. Agarrei minha cabeça, gemendo sob minha respiração.

Mika: M-Mas o quê…

Damien: Eu peguei demais! Sinto muito!

James: Descanse agora. Não há necessidade de fazer mais nada hoje.

Os rapazes se apressaram e me ajudaram a deitar enquanto minha visão estava pintada de pontinhos brancos. Eu precisava dormir urgentemente. De imediato, fechei meus olhos e deixei a escuridão me consumir.

Esse é o fim da parte 8. Até a próxima! 😆

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